As
2300 Tardes e Manhãs e a Hora do Juízo
No
livro do Apocalipse encontramos o anúncio de um juízo. Um juízo universal e
de conseqüências eternas. Um dia Lúcifer disse que estava certo e Deus,
errado. O Criador deu-lhe o tempo necessário para provar a validade de suas
acusações e para esclarecer qualquer dúvida na mente das criaturas. Mas,
finalmente, chega o dia em que todas as acusações e seus resultados devem ser
julgados.
Quem
é esse anjo e a quem simboliza?
Ao
longo de todo o livro do Apocalipse são mencionados muitos anjos. Dessa vez João
vê outro anjo. Este "anjo" ou "mensageiro" representa,
segundo os comentaristas bíblicos, "os servos de Deus empenhados na tarefa
de proclamar o evangelho".1
Afinal de contas, a missão de pregar o evangelho foi dada por Jesus aos discípulos
antes de o Mestre partir." (Marcos 16:15 e 16). Quer dizer que, hoje,
existe neste mundo um povo especial, com uma mensagem especial para ser dada aos
moradores da Terra.
A
mensagem que essas pessoas proclamam é a seguinte: "Temei a Deus e dai-Lhe
glória, pois é chegada a hora de Seu juízo." (Apocalipse 14:7). Essa
mensagem é de suma importância porque é o anúncio do dia do acerto de
contas: finalmente chegou a hora do julgamento. Quando o juízo findar, todo o
Universo saberá sem sombras de dúvidas quem estava com a razão: Satanás ou
Cristo. Lá nos céus, muito tempo atrás, Lúcifer acusou a Deus de ser tirano,
arbitrário e cruel. Acusou-O de estabelecer princípios de vida que nenhuma
criatura poderia cumprir e, portanto, de não merecer mais adoração nem obediência.
Mas agora chegou o momento do veredicto final. A História encarregou-se de
acumular as provas. Os livros serão abertos, e o juízo começará.
A
Bíblia está cheia de afirmações que confirmam a existência de um juízo
para a raça humana. Observe algumas delas:
1.
"Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão
escondidas, quer sejam boas, quer sejam más." (Eclesiastes 12:14)
2.
"Porquanto [Deus] estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo
com justiça..." (Atos 17:31)
3.
"Porque importa que todos nós compareçamos ante o tribunal de
Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou mal que tiver feito por meio do
corpo." (II Coríntios 5:10)
Mas
a grande pergunta é: Quando acontece o juízo? Como saber o tempo exato em que
esse julgamento terá início? Se nosso destino eterno está em jogo, não deveríamos
preocupar-nos por estudar a profecia a fim de estar preparados para aquele dia?
Dia
do juízo
Para
compreender as profecias do Apocalipse é preciso conhecer bem o Velho
Testamento. Isso porque, no Apocalipse, muitos detalhes proféticos do Velho
Testamento cobram sentido. No Apocalipse está o maravilhoso final da história
que começa no Gênesis. Portanto, para saber quando começa o juízo que o
Apocalipse menciona, é preciso rever, na história bíblica, quando se
realizava o juízo em Israel, o povo de Deus no Velho Testamento.
Segundo
o Mishná, que é a coleção dos escritos judeus, o juízo de Israel começava
no primeiro dia do sétimo mês, com a Festa das Trombetas, e terminava no décimo
dia, com a Cerimônia da Expiação. Até hoje esse dia é denominado "Yom
Kippur", que
significa literalmente "dia do juízo".2
Nesse dia, cada verdadeiro israelita renovava sua consagração a Deus e
confirmava seu arrependimento, ficando, assim, perdoado e limpo. (Levítico
16:30)
Nesse
dia, também, o sumo sacerdote de Israel efetuava a limpeza ou purificação do
santuário, com sacrifícios de animais. Note agora o que a Bíblia diz a esse
respeito: "Era necessário, portanto, que as figuras das coisas
que se acham nos Céus se purificassem com tais sacrifícios; mas as próprias
coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores. Porque Cristo não entrou
em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém, no
mesmo Céu, para compadecer, agora, por nós, diante de Deus." (Hebreus
9:23 e 24).
Um
santuário no Céu e o juízo
Agora
vem algo que surpreende: a Bíblia contém uma profecia quase desconhecida pela
humanidade (se você tiver uma Bíblia em casa, é só conferir). Essa profecia
esta registrada em Daniel 8:14, e diz assim: "Até duas
mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado." Essa
profecia não pode se referir à purificação do santuário de Israel, porque
essa purificação era realizada a cada ano. Aqui está falando necessariamente
da purificação do Santuário nos Céus. E isto é confirmado pela própria Bíblia
(Hebreus 9:25 e 26). Isso que dizer que, se descobrimos quando termina essa
profecia, teremos descoberto o dia da purificação do Santuário Celestial, ou
seja, o dia do juízo dos seres humanos.Enquanto Daniel orava pedindo que Deus
lhe revelasse o significado da profecia, o anjo apresentou-se novamente ao
profeta, dizendo: "No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim
para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a palavra, e entende a
visão... Sabe e entende, que desde a saída da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém até o Ungido, o Príncipe, haverá sete semanas e sessenta
e duas semanas... E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e, na
metade da semana, fará cessar o sacrifício." (Daniel 9:23 a 27).
Nesse
texto estão contidos dados necessários para entender a profecia. Com essa
declaração bíblica podemos estabelecer o seguinte diagrama: (primeiro leia os
pontos explicativos e depois olhe para o diagrama).
1.
Perceba que o período profético de 2300 anos começa quando saiu
"a ordem para restaurar e edificar Jerusalém". (Daniel 9:25; Esdras
7:7 e 11; Esdras 7:21 e 22). E a História registra que essa ordem foi dada pelo
rei Artaxerxes, da Pérsia, no ano 457 a.C. Este é, então, o ano do início do
período profético.
2.
A profecia diz que, do ano 457 a.C. "até o Ungido Príncipe"
(ou seja, o batismo de Jesus), haveria "sete semanas e sessenta e duas
semanas". Esse total de 69 semanas, em linguagem profética, equivale a 483
anos, o que nos leva ao ano 27 d.C., data em que historicamente realizou-se o
batismo de Jesus. Até aqui a profecia tem-se cumprido com exatidão.
3.
A profecia fala de uma semana a mais (sete dias proféticos = sete anos),
que nos leva do ano 27 d.C. até o ano 34 d.C., quando o apóstolo Estevão foi
apedrejado pelo povo judeu e, com isso, o tempo de Israel estava acabado. "Setenta
semanas estão determinadas sobre o teu povo" (Daniel 9:24), tinha
dito o anjo ao explicar a profecia para Daniel. Isso também se cumpriu com
exatidão.
4.
A profecia afirma que, na metade dessa última semana - que nos leva ao
ano 31 d.C. - "fará cessar o sacrifício". Noutras palavras, Jesus
morreria na cruz e já não seria mais necessário o sacrifício de animais que
Israel realizava. A História registra que, exatamente no ano 31 d.C., Jesus foi
morto, e você pode ver mais uma vez como a profecia se cumpriu de maneira
extraordinária.
5.
Até aqui, tudo aconteceu como estava previsto. A profecia foi dada a
Daniel por volta do ano 607 a.C. e, séculos depois, tudo se cumpriu ao pé da
letra.
6.
Agora me acompanhe no raciocínio. Se, depois do período de 70 semanas
(490 anos) continuarmos contando o tempo, concluiremos que o período de 2300
anos termina em 1844. Quer dizer que, naquele ano, segundo a profecia, o Santuário
Celestial seria purificado, ou seja, começaria o grande julgamento da raça
humana.
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Vivendo
em pleno juízo
Isso é algo surpreendente e de solene significado. A humanidade não pode viver
este milênio sem saber que o juízo divino começou. Este não é um assunto
para o futuro. Segundo a profecia, foi a partir de 1844 que o destino dos homens
começou a ser definido, e milhões de pessoas no mundo ignoram essa verdade.
Por isso o Apocalipse declara que era necessário levantar-se um anjo
"voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se
assentam sobre a terra, e a toda nação, tribo, língua, e povo, dizendo em
grande voz: temei a Deus e dai-Lhe glória, pois "É
CHEGADA A HORA DE SEU JUÍZO".
Perceba
que o anjo voa. Isso é urgente. Voar significa rapidez. Não há mais tempo a
perder. Perceba que a mensagem é dada em alta voz. Isso não pode ser ignorado
por mais tempo. Precisa ser proclamado em toda a Terra e para todos os seres
humanos. E, finalmente, perceba que este evangelho é eterno. Não é nada novo;
algo que foi inventado por alguém. Trata-se da história do maravilhoso amor de
Deus pelos seres humanos.
Infelizmente,
o juízo, por algum motivo, é mal compreendido pela humanidade. Muitos
confundem o juízo divino com os flagelos e catástrofes que acontecerão antes
da volta de Cristo, e que também estão profetizados no Apocalipse. Só que
aqueles flagelos são parte da sentença. Eles são resultado do juízo. Não
é juízo. A prisão ou pena de morte, por exemplo, não é o juízo da
pessoa, mas a condenação. Juízo é o processo pela qual se considera o caso:
existe um juiz, um advogado, um promotor de acusação, testemunhas e provas.
Veja
como o profeta Daniel descreve o juízo celestial: "Continuei olhando, até
que foram postos uns tronos, e o Ancião de dias Se assentou; Sua veste era
branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a lã pura... um rio de fogo
manava e saía de diante dEle. Milhares e milhares O serviam, e miríades e miríades
estavam diante dEle; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros."
(Daniel 7:9 e 10) Note, aí estão o Juiz e também os livros.
Agora
confira como o juízo é descrito pelo Apocalipse: "E olhei, e eis não
somente uma porta aberta como também a primeira voz que ouvi
dizendo: sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas
coisas." (Apocalipse 4:1). Depois de que coisas? Depois que a porta
for aberta, claro. E quando é que a porta foi aberta?
Uma
porta aberta em 1844
No
santuário de Israel, a porta que levava do lugar santo ao lugar santíssimo,
era aberta a cada ano, no Dia da Expiação (que era o dia do juízo). Com relação
ao Santuário Celestial é dito que:
Que
dizer que, em 1844, a porta entre o lugar santo e o lugar santíssimo, lá nos Céus,
abriu-se para que Jesus pudesse iniciar a purificação do Santuário. E quando
essa porta se abriu, veja o que João viu:
Depois,
João descreve a cena ao longo de todo o capítulo quatro de Apocalipse. Ali são
mencionados: o trono de Deus, rodeado de querubins; um arco-íris em cima do
trono; e, em volta, 24 pequenos tronos onde se assentam 24 anciãos, que
declaram: "Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra
e o poder." (Apocalipse 4:11).
Não
são semelhantes essa declaração e a do anjo de Apocalipse 14, que proclama:
"Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora de seu juízo"?
Anjos no Céu e homens na Terra confirmam que a glória pertence a Deus, porque
alguém quer usurpar essa glória. Depois de descrever a cena, João continua:
"Vi na mão direita dAquele que estava sentado no trono, um livro escrito
por dentro, e por fora selado com sete selos."
Está
montada a cena. O tribunal está instalado. Segundo a profecia isso aconteceu em
1844 e, no presente momento, a humanidade está sendo julgada. Qual é o assunto
em pauta? Qual é a acusação? Quais os argumentos? Quem é o acusador? Quem é
o Advogado de defesa? Quem são as testemunhas? E quem é o Juiz? A cortina vai
cair e o conflito dos séculos será desvendado.
Alejandro Bullón, O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse, 1.ª ed., 1998, pág. 29.