Mel Gibson nega que seu filme sobre Jesus seja anti-semita

Seg, 16 Fev - 14h33

LOS ANGELES (Reuters) - O ator e diretor premiado com o Oscar Mel Gibson, em entrevista à rede ABC que irá ao ar nesta segunda-feira, negou que ele ou seu filme polêmico "The Passion of the Christ" sejam anti-semitas, como alguns críticos vêm afirmando na fase acalorada que antecede a estréia.

Em entrevista a Diane Sawyer que será exibida numa edição especial do programa "Primetime", na noite de segunda, Gibson defende a violência extrema do filme que fez sobre as últimas 12 horas de vida de Cristo, dizendo que achou necessário promover uma comoção no público para que ele pudesse sentir a enormidade do sacrifício que Cristo fez.

"The Passion of the Christ", que vai estrear nos EUA no próximo 25 de fevereiro (Quarta-feira de Cinzas), vem despertando controvérsias acirradas há meses.

Muitos críticos especulam sobre as razões que teriam levado Gibson a fazê-lo. O diretor é membro de uma seita católica tradicionalista que se opõe a algumas reformas recentes do Vaticano, inclusive defendendo que a missa continue a ser rezada em latim.

Enquanto muitos líderes judaicos temem que "The Passion" possa reacender a discussão sobre se os judeus foram ou não os culpados pela morte de Cristo, a entrevistadora perguntou a Mel Gibson: "Quem matou Cristo?"

Gibson respondeu: "A grande resposta é que fomos todos nós. Eu sou o primeiro a me considerar culpado."

Indagado se é anti-semita, o diretor respondeu: "Não, é claro que não. E há outra coisa. Para mim, qualquer forma de racismo é contrária a minha fé. Ser anti-semita é um pecado. Já foi condenado por um Concílio papal após outro. Existem encíclicas sobre isso, sabe. Ser anti-semita é ser anticristão, e eu não o sou."

O HOLOCAUSTO

Indagado sobre como vê o Holocausto, Gibson, que tinha sido criticado por compará-lo a outras atrocidades de guerra numa entrevista anterior, respondeu:

"Você quer saber se eu acredito que houve campos de concentração em que judeus indefesos e inocentes morreram de maneira cruel, sob o regime nazista? É claro que acredito. Foi uma atrocidade de proporções monumentais."

Diane Sawyer perguntou: "O Holocausto seria um tipo especial de mal?"

Gibson respondeu: "Sim. O que é o mal especial? Por que você precisa que eu lhe diga? É óbvio. Eles foram mortos por causa de quem e o quê eram. Isso não é mal suficiente?"

O diretor afirmou que seu filme "não quer apontar culpados. É um filme sobre a fé, a esperança, o amor e o perdão. Isso é a realidade para mim. Acredito nisso. Eu preciso acreditar, para que eu possa ter esperança, para que eu possa viver."

Ele disse que "The Passion" "é minha versão do que aconteceu, de acordo com os Evangelhos e do que eu queria mostrar, os aspectos que eu quis destacar."

Gibson acrescentou que o filme "é muito violento. Se você não gostar disso, não vá vê-lo, sabe? É isso. Se você quiser sair na metade do filme, saia. Não há nada que lhe obrigue a ficar.

"Eu quis que o filme fosse chocante, e também que fosse radical. Eu quis que ele provocasse uma comoção no público. E ele faz isso mesmo. Assim as pessoas vêem a enormidade do sacrifício, vêem que alguém pôde suportar tudo isso e ainda voltar oferecendo amor e perdão, mesmo depois de passar por dor e sofrimento extremos, de ser objeto de zombaria extrema."

Fonte: http://br.news.yahoo.com/040216/5/ic9a.html 

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