Professor de Teologia Faz a Sra. White Contradizer-se para Justificar Encenações na Igreja 

Chega a surpreender quão longe o ser humano pode avançar na elaboração de um raciocínio para construir uma argumentação que o ajude a defender-se, quando quer justificar uma prática claramente contrária à vontade expressa de Deus. Refiro-me especificamente ao artigo "O Uso de Dramatizações na Igreja", da autoria do Prof. Alberto R. Timm, publicado na edição brasileira da Revista Adventista do mês de setembro de 1996. 

Esse artigo é usado desde então em defesa das apresentações teatrais incluídas na programação de nossas igrejas e instituições. Segundo fomos informados, quando um membro pede esclarecimentos sobre o tema à Divisão Sul-Americana, recebe uma cópia desse artigo em espanhol ou português.

Uma leitura atenta do artigo, porém, permite-nos perceber uma inescrupulosa distorção da mensagem bíblica e de textos do Espírito de Profecia com o objetivo de legitimar a desatenção voluntária e voluntariosa às ordens divinas.

Os silogismos que deram origem ao artigo parecem ter sido os seguintes: 

(1) A Igreja Adventista inclui dramatizações em sua programação. (2) A Igreja Adventista é dirigida por Deus e não erra. (3) Logo, dramatizações não são erradas.

(1) Ellen G. White era inspirada por Deus e isenta de erros em seus escritos. (2) Se Ellen G. White proíbe dramatizações e elas não são erradas... (3) EGW precisa ser reinterpretada para não parecer que errou.

Ou seja, a Sra. White escreveu uma coisa enquanto pretendia dizer outra, exatamente ao contrário! E para que essa reinterpretação do que Ellen G. White disse mereça maior crédito, não há ninguém mais recomendável que o próprio diretor do Centro Ellen White de Pesquisas no Brasil. Afinal, os membros leigos o têm como uma espécie de continuador do trabalho da Sra. White, preocupado em zelar pela integridade de sua mensagem.

Recomendações inequívocas

Neste mesmo site, você encontra uma compilação que intitulamos "O Que a Sra. White Escreveu Sobre Shows e Dramatizações". E é dela que extraímos recomendações muito explícitas da Sra. White contra as encenações ou dramatizações na programação da Igreja:

"Veríamos diferente estado de coisas se determinado número se consagrasse inteiramente a Deus, e então devotasse seus talentos à obra da Escola Sabatina, avançando sempre em conhecimento, educando-se para que pudessem instruir a outros quanto aos melhores métodos a serem empregados na obra; mas não devem os obreiros procurar métodos pelos quais ofereçam um espetáculo, consumindo tempo em representações teatrais e exibições de música, pois isto não beneficia a ninguém. Não é bom ensaiar crianças para que façam discursos em ocasiões especiais. Devem elas ser ganhas para Cristo, em lugar de despender tempo, dinheiro e esforços para uma encenação, que todo esforço seja feito a fim de preparar os molhos para a colheita." – Conselhos Sobre a Escola Sabatina, págs. 153-154.  

"Os assuntos devem ser apresentados de tal maneira que impressionem favoravelmente as pessoas. Nada de cunho teatral deve existir nas reuniões. Os cânticos não devem ser entoados por uns poucos apenas. Todos os presentes devem ser animados a se juntarem no serviço de canto. Há os que possuem o dom especial de cantar, e vezes há em que uma mensagem especial é transmitida em conseqüência do cântico entoado por uma única pessoa ou por várias pessoas juntas. Raras vezes, porém, deve o cântico ser entoado por uns poucos. A habilidade do canto é um talento de influência, que Deus deseja que todos cultivem e usem para glória do Seu nome." – Conselhos Sobre Saúde, pág. 282.  

"Deus não Se agrada do grande dispêndio de meios que fazeis na propaganda de vossas reuniões, bem como no aparato realizado em outras atividades de vossa obra. A exibição não está em harmonia com os princípios da Palavra de Deus. Ele é desonrado pelos vossos dispendiosos preparativos. Às vezes fazeis aquilo que se me apresenta como pôr na panela pedaços de cabaça silvestre. Esta exibição faz com que a verdade tenha o gosto demasiado forte de tal prato. O homem é exaltado. A verdade não progride, mas fica retardada. Homens e mulheres judiciosos podem ver que as representações teatrais não estão em harmonia com a solene mensagem que tendes a apresentar." Carta 190, 1902. – Evangelismo, pág. 127.  

"Tenho uma mensagem para os que estão com a responsabilidade de nossa obra. Não animeis os homens que devem empenhar-se neste trabalho a pensarem que devam proclamar a solene e sagrada mensagem em estilo teatral. Nem um jota nem um til de qualquer coisa teatral deve aparecer em nossa obra. ...Não permitais que haja qualquer coisa de natureza teatral, pois isto prejudicaria a santidade da obra.

"Foi-me mostrado que nos defrontaremos com todas as espécies de experiências e que os homens procurarão introduzir representações estranhas na obra de Deus. Já nos encontramos com tais em muitos lugares. No início de meu trabalho, foi dada a mensagem de que todas as representações teatrais, em conexão com a pregação da verdade presente, fossem desaconselhadas e proibidas.Evangelismo, pág. 138.

O trabalho nas grandes cidades tem que ser feito segundo o método de Cristo, não segundo o sistema de uma representação teatral. Não é uma representação teatral que glorifica a Deus, mas a apresentação da verdade no amor de Cristo. Testimonies, vol. 9, pág. 142. – Evangelismo, pág. 206.

"Cumpre guardarmo-nos, pois Satanás está determinado, se possível, a entremear com os cultos sua má influência. Não haja exibição teatral, pois isto não ajuda a fortalecer na Palavra de Deus. Antes distrairá a atenção para o instrumento humano." Carta 352, 1908. – Mensagens Escolhidas, Vol. 2, págs. 23-24.

Argumentos falaciosos

Em lugar de simplesmente acatar o que diz o Espírito de Profecia, através da Sra. White, e admitir que a Igreja erra ao permitir o uso de encenações na exposição da Mensagem que lhe foi confiada por Deus, o Prof. Alberto R. Timm (provavelmente a pedido da liderança) reuniu argumentos falaciosos que distorcem as claras orientações da mensageira do Senhor com o objetivo de justificar a prática irregular adotada por nossas igrejas e instituições de ensino:

1. Seu conceito de "dramatização" é amplo o suficiente para referir-se tanto ao uso de recursos visuais (como ilustrações gráficas ou imagens projetadas) em palestras quanto às encenações de episódios bíblicos. O dicionário define, porém, dramatização como "o ato de tornar ou procurar tornar dramático, interessante ou comovente um tema, através de uma encenação, com o objetivo de impressionar ou iludir a outrem."

2. Chega a afirmar que rituais típicos do Antigo Testamento; visões e sonhos dados aos profetas; parábolas, comparações, metáforas e mesmo ordenanças instituídas por Cristo; e até Sua crucificação e ministério sacerdotal no Céu constituem dramatizações instituídas e executadas por Deus, com a aprovação da Sra. White. 

3. Impõe critérios de sua própria autoria para a "legalização" da prática condenada por Deus. O Prof. Alberto R. Timm deve, por um momento, ter-se esquecido que a repetição continuada e freqüente de um erro não faz dele um acerto, ainda que estabeleçamos rígidas regras para sua realização.

4. Cita especialistas em comunicação para colocar em dúvida o que Deus disse através de Ellen G. White e tentar justificar a dramatização como o mais eficiente recurso para a visualização e assimilação da Mensagem. 

"Especialistas na área de comunicação têm afirmado que aprendemos 83% das informações do mundo exterior através da visão; 11% através da audição; e 6% distribuídos entre o tato, o olfato e o paladar. 

"Se a visão é tão eficaz no processo da comunicação, deveria Igreja Adventista do Sétimo Dia valer-se apenas de recursos auditivos na proclamação do 'evangelho eterno' (Apoc. 14:6)? Até que ponto poderia esta denominação incorporar recursos visuais e dramatizações em seus serviços religiosos, sem com isso infringir princípios expostos na Bíblia e nos escritos de Ellen White?"

É como se perguntasse à Sra. White: "É assim mesmo que Deus disse? Você não teria se enganado? Os especialistas em comunicação discordam de você!"

Ora, se fossem mesmo permitidas as encenações, Jacó mereceria um Oscar de melhor desempenho por sua convincente representação perante o pai, Isaque, sob a direção da própria mãe! Sermões pregados por irmãos de vida incoerente com a Mensagem que apresentam, poderiam ser perfeitamente assimilados sem nenhum problema. Simulações de cura e libertação, como ocorrem em algumas igrejas por aí, estariam também liberadas na Igreja Adventista. E justificar-se-ia até o terrorismo espiritual de pastores que programam a invasão do templo por policiais armados para ilustrar o início da perseguição ao povo de Deus!

Para entender as razões da proibição feita por Deus, através de Ellen G. White, basta parar para pensar: 

Para reverter isso, só mesmo a confissão de que estávamos equivocados e a consciência de que Deus não precisa de encenações nas programações de Sua igreja. O argumento visual máximo no reforço da pregação, ao qual nenhum pecador pode resistir, é o argumento de uma vida transformada pelo poder do Espírito de Deus. Foi essa a conclusão a que cheguei após preparar o estudo bíblico abaixo.

O leitor pergunta

Qual é a base bíblica ou mesmo do Espírito de Profecia que você usa para ser contra estas representações na igreja com objetivos espirituais? Tenho visto muito isso aqui na América, como um ponto extremamente positivo. Lembro-me de uma dramatização de 10 minutos que assisti um sábado na igreja de Washington sobre a "Porta do Céu" e nunca  mais me esqueci!

Resposta:

1. A história do pecado neste mundo começa com uma encenação satânica no Jardim do Éden. Gênesis 3:1-7.

2. A partir desse episódio, em lugar de "abrirem-se os olhos" de Adão e Eva, o primeiro casal perdeu o contato visual com Deus, porque já não podia contemplar sua glória. Gênesis 3:8-10.

3. Desde então, a visão deixou de ser um canal confiável para a recepção de mensagens espirituais. E o homem independe da visão para viver pela fé! Hebreus 11:1.

4. E "a fé vem pelo ouvir"! Romanos 10:17.

5. Foi por isso que Jesus censurou a Tomé. João 20:29. (Bem-aventurados os que se satisfazem com a pregação da Palavra e independem de encenações para captar melhor a Mensagem!)

6. Deus quer que nossa fé independa de estímulos visuais, por isso proibiu imagens de escultura e "qualquer semelhança do que há em cima no Céu ou embaixo na terra ou nas águas debaixo da terra". Êxodo 20:4.

7. O Diabo tentou Jesus através de uma encenação em que lhe prometeu todos os reinos deste mundo. Mateus 4:8-10.

8. Deus não quer que sejamos enganados pelo sentido da visão. II Coríntios 11:14-15.

9. Nos últimos dias, falsos profetas farão encenações miraculosas para tentar enganar até o povo escolhido. Mateus 24:24.

10. O Anticristo fará uma grande encenação mundial antes do retorno de Cristo. II Tessalonicenses 3:4-12.

11. Hoje, porém, a pior de todas as encenações é a de uma vida incoerente com a religião professada, uma vida supostamente de consagração e que esconde pecados inconfessáveis, sem falar nos sermões "de ficção" espiritual, hinos "interpretados" da boca para fora, etc. - S. Mateus 23:27-28.

12. Segundo a Bíblia, temos algo muito superior a encenações para
credibilizar e reforçar "visualmente" a pregação da Mensagem:

a) Mateus 5:16 - O testemunho de nossa vida.

b) Marcos 16:17-20; Atos 2:43; Atos 14:3; II Coríntios 12:12; Hebreus 2:4 e outros -- Sinais e milagres.

Deus não precisa de atores. Necessita, sim, de servos dedicados e consagrados para revelar Seu poder transformador e miraculoso através deles. Isto, sim, é que dará credibilidade e impacto à pregação adventista! -- Robson Ramos, editor do www.adventistas.com.

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