Armagedom, a Mãe de Todas as Guerras

 

            É véspera de natal. O correio traz diariamente numerosa correspondência para mim. Mas desta vez a quantidade é maior, porque recebo dezenas de cartões. Entre todas essas cartas há uma que não consigo esquecer. É véspera de natal e eu devia estar feliz, afinal este foi um ano cheio de bênçãos para mim. Todos os meus filhos estão de volta, depois de um ano longe de casa por causa dos estudos. Deveria estar radiante de alegria, mas não consigo. Aquela carta continua me machucando por dentro, fazendo-me sofrer, embora eu saiba que pouco poderei fazer para ajudar aquela família.

"Pastor" – dizia a carta – "este será o Natal mais triste de nossa vida. Teríamos preferido que Deus tirasse o dinheiro, os bens, a saúde e até a vida, mas que não nos deixasse ver o nosso filho na trágica situação em que se encontra." Depois a carta falava das horas intermináveis de luta para tirar o filho das garras do vício.

Aos vinte e três anos, um jovem está apenas desabrochando para a vida, todavia, os pais daquele rapaz não vêem mais saída para ele. São oito meses de oração e súplicas a Deus por um milagre. Já o levaram para ser tratado por especialistas; já o internaram em centros de recuperação para drogados, e, mesmo assim, vêem o filho dia a dia sendo consumido por uma força incontrolável que o leva às drogas.

A carta tinha um clamor desesperado: "Será que esta luta vai acabar? Será que poderei ver meu filho completamente recuperado?"

A Bíblia nos assegura que a luta terrível entre o bem e o mal terá fim, sim. O diabo pode fazer hoje muita coisa para trazer dor à sua vida. Pode destruir lares e vidas como a daquele rapaz, mas o inimigo será finalmente destruído.

O sexto flagelo e o Armagedom

No capítulo anterior (As Sete Últimas Pragas), deixamos de considerar propositadamente o sexto flagelo, por este tem ver com o famoso Armagedom, a "mãe de todas as guerras". O Texto bíblico o relata da seguinte maneira:

O fato da palavra Armagedom significar, em hebraico, "Monte de Megido", fez com que muitos interpretes da Bíblia concentrasse a atenção no Oriente Médio como possível local da última batalha dos séculos. Se acrescentarmos a isso o fato de que os países que vivem em torno desse território estão constantemente em guerra, é fácil acreditar numa batalha literal, de proporções mundiais, entre Oriente e Ocidente.

Mas se não perdermos o fio do grande conflito universal que teve início no Céu, com a rebelião de Lúcifer, veremos que a grande guerra do Armagedom não é uma guerra literal de implicações políticas e sim uma guerra espiritual de conseqüências eternas.

Existe um inimigo tentando desestabilizar o governo divino. Atacou a Deus no Céu, perdeu a batalha e foi expulso junto com a terça parte dos anjos a quem conseguiu enganar. Apresentou-se, depois, no jardim do Éden e enganou Adão e Eva. Fez com que eles duvidassem de Deus. Aparentemente tinha vencido. Mas ele não contava com o plano de salvação, segundo o qual Jesus viria a este mundo para remir o ser humano e restaurar nele o caráter de Deus que o pecado tinha deformado.

O grande conflito entre Lúcifer e Deus prolongou-se através dos séculos, chegando à Igreja cristã. O diabo perseguiu a Igreja de Deus através de Herodes e dos imperadores romanos e, quando viu que este método não dava certo, mudou de estratégia: começou a misturar as verdades bíblicas com as tradições pagãs. Foi desse modo que entraram no seio da Igreja cristã doutrinas que nunca tiveram fundamento bíblico. Depois o inimigo usou essa igreja contaminada com o vírus do paganismo para perseguir os fiéis que "teimavam" em adorar ao único e verdadeiro Deus, e em obedecer à Sua Palavra.

Foram 1260 anos de perseguição, ao fim dos quais a estratégia do inimigo mudou novamente. Dessa vez levantou o racionalismo ateu para tentar abolir qualquer forma de religião. Como conseqüência disso, surgiu o evolucionismo que apresenta a teoria da evolução das espécies como possível origem da vida. Tentou destruir a Bíblia mandando queimar milhares de exemplares em praça pública e ordenou a morte de todo aquele que a estudasse. Mas o diabo não contou com o fato de que, na perseguição, o verdadeiro povo de Deus se fortalecia.

Em nossos dias, o inimigo de Deus está usando talvez a estratégia que melhores resultados está lhe dando: o secularismo, a Nova Era, o espiritismo e o cristianismo descompromissado. Deus deixou de ser Deus pessoal para tornar-se apenas uma "energia", uma canção bonita ou um adesivo que se coloca no carro. Deixou de ser o soberano Criador do Céu e da Terra, que merece adoração e obediência. O homem diz acreditar em Deus, mas não se compromete com Ele. Vive como se Deus não existisse. Dita suas próprias regras e estabelece seu próprio código moral.

Uma guerra espiritual

A grande batalha do Armagedom não tem nada ver com alguma guerra política entre Oriente e Ocidente, por causa do petróleo do Oriente Médio. O Armagedom é a última batalha entre o bem e o mal que está tendo lugar, hoje, em cada coração humano.

"Ao longo dos séculos, muitas idéias têm sido expressas sobre o Armagedom. Profecias não cumpridas têm sido sempre um fértil campo para especulação humana. A Palestina pode muito bem ser o centro da tormenta de um conflito mundial, mas a batalha do dia de Deus Todo-Poderoso não estará limitada a qualquer terra em particular. Os acontecimentos são muito maiores do que muitos têm imaginado.

Não é à situação geográfica que o Senhor dá ênfase, mas sim à revelação daquilo que está em jogo. A Terra será envolvida, porque toda ela será o cenário desta última grande batalha." - Roy A. Anderson, Revelações do Apocalipse, 2.ª ed., 1988, pág. 186.

Ninguém pode permanecer neutro. Você é ou não é. A guerra não é com canhões e bombas. É uma guerra de ideais. Deus reclamando para Si adoração e obediência, e o inimigo exigindo para si as mesmas coisas. Ou então, direcionando a adoração e a obediência para qualquer criatura ou objeto, menos para Deus.

O Apocalipse nos apresenta, em várias ocasiões, facetas dessa grande batalha entre o dragão e Cristo, representado por Sua Igreja na Terra. Vejamos:

"Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes de sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus." (Apocalipse 12:17). Percebe-se aqui que a ira do dragão é contra pessoas que "guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus". Obediência e adoração. Lembra-se?

"Vi emergir do mar uma besta... Foi-lhe dado também que pelejasse contra os santos e os vencesse..." (Apocalipse 13:1 e 7)

"... vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. Os dez chifres que viste são dez reis... Pelejarão eles contra o Cordeiro e o Cordeiro os vencerá...." (Apocalipse 17:3; Apocalipse 17:12 e 14)

"E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem com Aquele que estava montado no cavalo e contra o Seu exército." (Apocalipse 19:19)

Aqui, fala-se dos reis da Terra, com seus exércitos, congregados para a grande peleja. Ao derramar o sexto anjo a sua taça, também vemos três espíritos imundos semelhantes a rãs e estão congregando os reis do mundo inteiro para peleja. Que tipo de congregação é esta? Como é que o inimigo de Deus está congregando seus exércitos para a batalha final?

O exército do Cordeiro

Primeiro é preciso saber que o Cordeiro também está congregando Seus remidos para a grande batalha. Veja como o apóstolo João narra esta cena:

Aqui encontramos o Cordeiro - Jesus - reunido com cento e quarenta e quatro mil fiéis no Monte Sião. No Velho Testamento, o Monte Sião era chamado o Monte das Convocações Santas, porque nele se reuniam os filhos de Deus para receber as Suas ordens. Agora vemos aqui Jesus com um grupo de fiéis que, segundo o anjo que deu a visão a João, "são eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram reunidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro." - Hoje Jesus está querendo reunir Seus filhos no Monte Sião.

Não. Lembre-se de que o Apocalipse é um livro simbólico. O Cordeiro simboliza Jesus; os cento e quarenta e quatro mil simboliza os filhos fiéis a Deus, que O adoram e Lhe obedecem. E o que deve simbolizar o Monte Sião? Para entender isso é preciso saber o que era o Monte Sião no Velho Testamento.

  1. Sião era o lugar onde Deus falava. "O Senhor brama de Sião e Se fará ouvir de Jerusalém." (Joel 3:16)
  2. Sião era o lugar onde Deus prometia habitar. "Sabereis, assim, que Eu o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião, Meu santo monte." (Joel 3:17)
  3. Sião era o lugar onde Deus queria congregar seus remidos. "E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque, no Monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos..." (Joel 2:32)

Perguntamos hoje:

  1. Qual é o lugar onde Deus quer fala hoje aos Seus filhos?
  2. Qual é o lugar onde Ele promete que, se dois ou três estiverem reunidos em Seu nome, Ele estará presente?

      3. Qual é o lugar onde Deus está congregando seus fiéis de todos os cantos da Terra, aqueles que "guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus"?

 

 A resposta é óbvia: Deus está reunindo hoje Seus filhos em Sua Igreja. Essa é a visão de Apocalipse 14. Essa reunião está acontecendo hoje, em nossos dias. De que maneira? Vejamos.

A Tríplice Mensagem Angélica  

Deus tem um instrumento para chamar Seus filhos e congregá-los na Sua Igreja hoje. Esse instrumento é a tríplice mensagem angélica apresentada no mesmo capítulo 14 de Apocalipse:

 1   A primeira mensagem diz: "Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora de Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, a terra, e o mar, e as fontes das águas." (Apocalipse 14:7). Este é um chamado a adorar ao verdadeiro Deus e é também o anúncio da hora do juízo.

 

2   A Segunda mensagem diz: Caiu, Caiu, a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria de sua prostituição." (Apocalipse 14:8). Este é um chamado para estar alerta diante das adulterações da pura doutrina bíblica.

 

3   A terceira mensagem declara: "Se alguém adorar a besta e sua imagem e recebe sua marca na fronte ou sobre a mão, também este beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, no cálice da Sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro." (Apocalipse. 14:9 e 10). Este é um chamado à obediência e a observância do dia do Sábado como dia de repouso, que é o selo de Deus. A única maneira de não receber o selo da besta. (Ezequiel 20:11 e 12; Ezequiel 20:19 e 20) - Veja também em Próximos do Fim: A marca da apostasia.

 

É através da proclamação dessas três mensagens distintas que Deus está reunindo hoje Seus filhos, no Monte de Sião, símbolo da Igreja.

Todos aqueles que ouvem e aceitam a mensagem de Apocalipse 14, que entregam o coração a Jesus, decidem adorá-Lo e obedecer aos Seus mandamentos, aceitam o convite para congregar-se no Monte de Sião.

O exército do dragão

Por outro lado, o inimigo de Deus também está congregando seus súditos no vale do Armagedom, utilizando uma tríplice mensagem angélica falsa. "Então" - diz a profecia - "Vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos, semelhante a rãs; porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande dia do Deus Todo-Poderoso." (Apocalipse 16:13 e 14)

  1. "Adore qualquer coisa menos a Deus, embora você pense que O está adorando."
  2. "A 'alma' não morre, ela é eterna. Reencarna ou continua vivendo como um espírito desencarnado."
  3. "Não obedeça à Palavra de Deus. Não dê importância aos Seus mandamentos porque eles são obsoletos."

Esse é o quadro geral. O mundo está se preparando para o fim do grande conflito universal. O mal terá um fim definitivo. Mas antes dele findar, o diabo fará tudo que puder para arruinar o maior número possível de vidas. Para tanto, usará suas ferramentas favoritas: o engano, o disfarce, a sedução e, quando isso não der certo, a perseguição. Lembre-se que esses "espíritos de demônios" são "operadores de sinais". Eles vêm acompanhados de "milagres" e "prodígios"; de "curas através de médiuns"; de "seres extraterrestres"; enfim, tantas maravilhas que enganarão até os mais avisados.

Felizmente, Deus nos deixou a Sua Palavra. Ela é a nossa única garantia. Ela á a luz em meio às trevas. Ela é a âncora em meio ao mar agitado e turbulento em que o nosso mundo vive. Você pode confiar nela.

 

Alejandro Bullón, O Terceiro Milênio, e as Profecias do Apocalipse, pág. 131.

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