Lição 1
27 de dezembro a 3 de janeiro

O propósito do Evangelho de João

Lição 112004


Sábado à tarde

Ano Bíblico: Apoc. 15–17

VERSO PARA MEMORIZAR: "Disse-lhe Jesus: Porque Me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram" (João 20:29).

LEITURAS DA SEMANA: Lucas 1:1-4; João 15:1-8; 17:20; 20:24-31; 21:20-25.

PENSAMENTO-CHAVE: O Evangelho de João nos diz que a ausência de contato físico com Jesus não é desvantagem para os que buscam relacionar-se com Ele hoje. A palavra de Jesus é tão poderosa quanto Seu toque.

ALGUMA VEZ VOCÊ JÁ DESEJOU ter conhecido Jesus em carne, como os discípulos? Você já desejou que Ele vivesse em sua casa? Não seria ótimo levar seus problemas diretamente a Ele? Ir a Ele e abrir o coração e então vê-Lo ajoelhar-Se e orar ao Pai por você? Não seria mais fácil ter amizade com Jesus se Ele vivesse, respirasse, andasse e falasse em sua casa?

Mas não temos este privilégio. Ainda assim, as boas-novas são que o Evangelho de João nos assegura que não precisamos desse contato físico com Jesus para ter amizade com Ele. Não precisamos do contato físico para obter todas as bênçãos que Ele está disposto a dar e é capaz de fazê-lo. João até nos lembra que Jesus disse aos discípulos: "Convém-vos que Eu vá" (João 16:7). Pela presença do Espírito, a obra de Jesus é intensificada por Sua ausência (João 14:12).

Nesta semana, vamos ter uma visão geral dessas boas-novas.


Domingo

Ano Bíblico: Apoc. 18 e 19

Como os Evangelhos foram escritos – Lucas 1:1-4

1. Além dos quatro evangelhos, houve outros relatos, talvez até por escrito, que contaram a vida de Cristo? Luc. 1:1.

2. Descreva o processo pelo qual o Evangelho de Lucas (e presumivelmente também o de João) veio à existência. Luc. 1:2 e 3.

Pelo que Lucas nos diz, "muitas" pessoas já haviam empreendido contar a história de Cristo. As histórias sobre Jesus e Suas declarações foram lembradas e passadas a outras gerações por "testemunhas oculares e ministros da palavra" (Luc. 1:2). A palavra traduzida como "ministros" parece ter sido um termo técnico no mundo antigo para memorizadores profissionais que registravam as declarações significativas em sua mente para uso futuro. Não deveria nos surpreender que essas pessoas poderiam ter sido escolhidas especialmente para memorizar os sermões, as parábolas e os atos de Jesus, a fim de repetir de memória o que o Senhor havia dito e feito.

As histórias e declarações de Jesus ainda eram passadas oralmente muitos anos depois da ascensão ao Céu. Lucas, inspirado pelo Espírito Santo, aparentemente conversou com testemunhas oculares e os que memorizaram as declarações e histórias de Jesus. Guiado pelo Espírito, ele então selecionou as declarações e histórias que o habilitaram a escrever "uma exposição em ordem". O resultado final foi o Evangelho de Lucas, como o conhecemos hoje.

3. O que se pode dizer sobre as limitações de todos os Evangelhos? João 21:25.

O que João diz é que a maior parte da história de Jesus teve que ser deixada de lado no seu Evangelho. Cada um dos quatro Evangelhos oferece seleções das declarações e atos de Jesus que se ajustam ao propósito daquele escritor em particular. "Raramente verão duas pessoas e exprimirão a verdade da mesma maneira. Cada uma se deterá em pontos particulares que sua constituição e educação a habilitaram a apreciar." – Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 22.


Segunda

Ano Bíblico: Apoc. 20–22

Selecionando com um propósito

4. Com que objetivos João disse que selecionou o que escreveu sobre a vida de Jesus? A Bíblia inteira tem o mesmo propósito? João 20:30 e 31.

O ministério de Jesus, desde o batismo até a ascensão, cobriu cerca de três anos e meio (1.260 dias!). De tudo o que Jesus disse e fez durante esse tempo, João registrou incidentes que aconteceram em um total de apenas 29 dias. E, na maioria, mesmo esses relatos cobrem uma pequena fração do que Jesus pode ter dito e feito nesses dias. Mais de 97 por cento do ministério de Jesus foi omitido no Evangelho de João. Guiado pelo Espírito Santo, João teve que escolher o necessário para alcançar seu propósito declarado: levar-nos a crer a fim de termos a vida eterna.

Note para quem João escreveu seu Evangelho. Foi para você (vós, no original). João escreveu para que você creia e que você tenha vida. Com a palavra você, ele tinha claramente seus leitores em mente. Mas que leitores? Todos? Ou havia um enfoque especial para este grupo "vós"?

5. Que história fornece a introdução para a declaração de propósito de João? João 20:24-28.

Tomé sentia claramente que sua fé dependia de uma experiência prática com um Jesus físico. Se visse Jesus, ele não tinha nenhum problema em crer. Em João 20:24-31, Tomé representa todos os discípulos, a primeira geração, os que viram e lidaram com Jesus.

A declaração de Jesus no verso 29, por outro lado, indica que existe uma bênção especial para os que crêem sem ver. Evidentemente, ver e tocar não são fundamentais para o desenvolvimento da fé; na verdade, podem até dificultar esse desenvolvimento. O verso 29 traz uma bênção sobre as gerações posteriores que não tiveram contato prático com Jesus e ainda creram, mesmo assim. Nós fazemos parte dessas gerações posteriores, pois não temos contato físico com Jesus nem com qualquer pessoa que O conheceu em carne.


Terça

Ano Bíblico: Repassar o Novo Testamento

Época – João 21

De acordo com João 21, Jesus empregou uma seqüência de três perguntas e respostas para restaurar Pedro depois das três negações no pátio do sumo sacerdote, pouco tempo antes (João 21:15-19). Pedro não apenas precisava recuperar-se do senso de culpa e fracasso por ter negado a Jesus, mas esse confronto provavelmente também lhe deu a oportunidade de recuperar a confiança de seus colegas discípulos. Mais tarde, quando Jesus e Pedro estavam caminhando pela praia, aconteceu um incidente que poderia ter provocado grande impacto em João.

7. Quem Pedro percebeu que estava seguindo a Jesus junto à praia? João 21:20 e 24. Veja também João 13:23-25.

8. O que Pedro perguntou a Jesus sobre João? João 21:21.

Jesus acabara de explicar a Pedro as circunstâncias em que se daria a Sua morte. Pedro estava curioso se sua experiência seria semelhante à do discípulo amado, que escreveu o Evangelho de João (v. 24). Jesus fugiu da pergunta com uma mensagem cifrada: "Se Eu prefiro que ele permaneça vivo até que Eu venha, o que você tem a ver com isso?" (tradução do autor da lição).

O comentário cifrado de Jesus foi mal compreendido nos anos que se seguiram. O povo ficou crendo que o discípulo amado, João, viveria para ver a segunda vinda de Jesus. Conforme os discípulos iam morrendo, muitos ficaram agitados com a "óbvia proximidade" da volta de Jesus. Quando João ficou velho e começou a se aproximar da morte, surgiu uma crise de confiança: a morte de João faria Jesus parecer um falso profeta? Afinal, Jesus não disse que João estaria vivo por ocasião da volta de Jesus?

Alguns crêem que naquele momento decisivo, quando a igreja enfrentava uma crise, Deus chamou João para deixar o legado de outro evangelho escrito, a fim de corrigir o rumor infundado sobre o tempo da morte de João em relação com a segunda vinda. Seu Evangelho deveria prover o que a geração seguinte de cristãos precisava para sobreviver ao seu transcurso. Seu Evangelho ensinaria a todos nós como ter uma amizade viva com Alguém que você não pode ver, ouvir ou tocar.


Quarta

Ano Bíblico: Vista geral de toda a Bíblia

Segunda geração

Sob diversos aspectos, o Evangelho de João expressa interesse na segunda geração de cristãos.

No Quarto Evangelho, geralmente os discípulos não são chamados diretamente por Jesus mas pelo convite de outra pessoa que conhece a Jesus, talvez simbolizando como a maior parte do mundo viria a conhecer Jesus, não pelo contato pessoal com Ele mas pelo testemunho de outros.

9. O que os textos a seguir mostram sobre a idéia de que precisamos ver Jesus pessoalmente para conhecê-Lo?

João 1:40-42

João 13:20

Evidentemente, hoje, as pessoas aprendem de Jesus pelo testemunho de outros, que primeiro lhes contam sobre Jesus e, como no primeiro exemplo acima, os "guiam" a Ele. Então, como é importante que nós, professos seguidores de Cristo, escolhidos por Deus para espalhar a verdade aos outros, estejamos preparados para fazer isso.

Em João 17, Jesus orou por Si mesmo em primeiro lugar e, então, por Seus discípulos (João 17:1-19). Depois disso, Ele mencionou a segunda geração e as seguintes. Sua oração não foi apenas pelos discípulos mas "por aqueles que vierem a crer em Mim, por intermédio da sua palavra". No decorrer da História, a maioria das pessoas obteve sua relação com Jesus não pelo contato pessoal mas pelos escritos daqueles que tiveram esse contato. Jesus orou para que a Palavra Escrita fosse o meio de unir todos os crentes, os que O tivessem visto e aqueles que não O tivessem (João 17:21-23).

Leia com meditação a oração de Cristo em João 17 (especificamente os versos 11-19) que Ele fez em favor dos Seus discípulos. Quais são os pontos-chave da oração? Nas linhas abaixo, escreva um resumo do que Jesus desejava para Seus seguidores. Que mensagem existe para nós, hoje?


Quinta

Ano Bíblico: Gên. 1–3

Sua palavra é tão boa quanto o Seu toque

10. De acordo com Lucas 4:40, o que Jesus fazia sempre que curava as pessoas? (Veja Mat. 9:29 e 30; 20:34; Mar. 1:29-31; 9:25-27; Luc. 7:14 e 15; 13:13 para exemplos adicionais.)

11. Em contraste com Lucas, como Jesus operava Seus milagres, de acordo com o Evangelho de João? João 4:46-54. (Veja também 2:1-11; 5:1-15; e 11:1-44 para exemplos adicionais.)

Jesus tocou as pessoas em aproximadamente metade dos milagres registrados em Mateus, Marcos e Lucas. Em contraste, no Evangelho de João, raramente encontramos Jesus tocando a fim de operar Seus milagres.

Por que essa diferença?

Talvez o Espírito tenha orientado João a selecionar histórias em que não havia o toque, ou nas quais a distância entre Jesus e as pessoas curadas era enfatizada (em João 4:46-54, Jesus estava a 25 quilômetros das pessoas curadas no momento da cura), a fim de ajudar a destacar que não precisa haver contato físico imediato com Deus para sermos abençoados ou mesmo curados por Ele. Esses relatos, nos quais não existe toque, são coerentes com o tema de João de que a palavra de Jesus é tão boa quanto Seu toque. Essas são boas-novas para aqueles que, como nós, podem ter a certeza de que, embora Jesus não esteja aqui pessoalmente, Ele ainda pode estar perto de nós em todas as nossas provas e tristezas, por mais difíceis que sejam.

12. A maioria dos milagres no Evangelho de João (não todos) foi operada em resultado das palavras de Jesus, e não pelo Seu toque. Liste as expressões de ordem usadas em cada um dos seguintes relatos: João 2:7; 4:50; 5:8; 9:7; 11:43.

O que se pode perceber nestas cenas é o poder das palavras de Jesus para vencer as barreiras do espaço. A distância não é problema para Deus, que criou o Universo. A palavra de Jesus é tão poderosa perto quanto à distância. Embora agora esteja ao nosso alcance pela página impressa, a Palavra de Cristo ainda retém o poder de salvar e curar. É por meio de Sua Palavra que Ele ministra às necessidades das gerações posteriores.


Sexta

Ano Bíblico: Gên. 4–7

ESTUDO ADICIONAL

Note os comentários de Ellen G. White sobre este processo de como a Bíblia foi escrita (Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 15-23).

A respeito da fé na palavra de Jesus em contraste com a fé no que podemos ver e tocar, Ellen G. White comenta (no contexto de João 4:46-54): "O nobre queria ver atendida a sua oração antes de crer; teve, porém, de aceitar a palavra de Jesus, de que seu pedido era satisfeito, e a bênção concedida. Cumpre-nos também a nós aprender esta lição. Não porque vejamos ou sintamos que Deus nos ouve, devemos nós crer. Temos de Lhe confiar nas promessas."O Desejado de Todas as Nações, pág. 200.

PERGUNTAS PARA CONSIDERAÇÃO:

1. Leia novamente II Coríntios 4:18 e Hebreus 11:1. Por que nossa maior esperança deve estar em coisas que não vemos, pelo menos diretamente? Existe alguma coisa que nós, agora, podemos ver e que durará para sempre, ou tudo o que agora vemos, como agora existe, finalmente será destruído?

2. Como diferentes escritores podem retratar Jesus sob perspectivas diferentes? Essas perspectivas diferentes tornam mais fácil ou mais difícil aceitar que suas histórias são verdadeiras? Se todas as histórias dissessem a mesma coisa, não seríamos tentados a achar que eles só copiaram uns dos outros em lugar de contar a história de Jesus como eles, sob a direção do Espírito Santo, a entenderam e mesmo lembravam? Explique.

RESUMO: Muitas vezes temos problemas para saber como manter uma relação viva com Alguém que não podemos ver, ouvir nem tocar. Imaginamos que a fé era mais fácil para os que andaram e falaram com Jesus nos tempos do Novo Testamento. Mas o Evangelho de João nos diz que a palavra de Jesus, como foi oferecida no Evangelho, é tão poderosa quanto Seu toque. Pelo Espírito e pela Palavra, podemos conhecer Jesus mesmo mais intimamente do que os discípulos.


Auxiliar e Comentários Adicionais

Esboço

Texto-chave: João 20:29

Objetivos:

1. Enfatizar que Jesus está à nossa disposição em qualquer lugar ou época da História.

2. Entender o Evangelho de João em si e em relação com os outros Evangelhos.

3. Aplicar o Evangelho de João à nossa vida hoje.

Esboço

I. João – Um Evangelho para hoje (João 20:29)

A. Jesus está ativamente envolvido com a nossa vida, embora não esteja presente fisicamente.

B. A presença física de Jesus não era necessariamente uma vantagem para os Seus contemporâneos com relação à salvação.

C. O Evangelho de João foi escrito tendo em mente os crentes das gerações futuras.

II. Um Evangelho com um enfoque (João 20:30)

A. João não pretendia escrever um relato completo da vida dos atos de Cristo.

B. Ele escreveu conscientemente a um público pouco familiarizado com Jesus mas que precisava e queria conhecer os pontos importantes.

C. O Evangelho de João dá ênfase especial à fé diante da ausência de provas concretas.

III. Uma carta para o futuro (João 20:31)

A. O Jesus de João freqüentemente não estava Se dirigindo aos Seus contemporâneos mas aos que viessem no futuro.

B. Grande parte do ensino de João é entendido mais facilmente hoje.

C. Embora Jesus não esteja fisicamente entre nós, temos Seus ensinos completos na Bíblia.

Resumo:

O Evangelho de João é sem igual entre os Evangelhos no sentido de que fala diretamente às gerações de cristãos que viriam depois dos apóstolos. João nos faz cientes de que Jesus está conosco de maneira tão real como quando estava com Seus contemporâneos.

O Evangelho de João é a jóia da coroa das narrativas do Evangelho. Isso porque começa bem na sala do trono de Deus Pai (João 1:1-3) em vez de começar com a cronologia humana de Jesus, como fizeram Mateus e Lucas, ou com Seu ministério humano, como Marcos. Em João, não estamos lidando apenas com o bebê de Belém ou com o Carpinteiro de Nazaré, mas com o próprio Deus que Se tornou carne. João não deixa dúvida sobre seu tema: Cristo é Deus. Ele estava com o Pai na Criação, e está com Ele na redenção e na restauração. Cristo é o Alfa e o Ômega (compare Apoc. 1:8; 21:6; 22:13) de tudo o que existe. João quer que os cristãos de todas as épocas compreendam a verdade fundamental de que Cristo é Deus que Se tornou humano para que "todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).

Nesta lição introdutória, notamos a autoria, o propósito e a singularidade do Evangelho de João.

I. O Evangelho de João: seu autor

O autor não menciona seu nome mas se identifica como discípulo de Jesus e testemunha ocular de tudo o que seu Mestre ensinou e fez (João 21:24 e 25). Além do mais, esse discípulo é aquele "a quem Jesus amava" (v. 20; compare com João 13:23; 19:26; 20:2; 21:7) e que se reclinou sobre o Seu peito na Santa Ceia (João 21:20). Isso não deve nos deixar nenhuma dúvida de que João, o discípulo amado, é o autor do Evangelho. Foram talvez sua modéstia, sua humildade e o desejo de renúncia própria (ao invés dos eventos de Mateus 20:20-22) que levaram João a evitar a menção do seu nome neste livro.

A primeira igreja identificava sem contestação João como o autor deste Evangelho. Irineu (ca. 130-200 d.C.) afirmou que João escreveu o Evangelho enquanto ele estava com idade avançada e vivendo em Éfeso. – Contra Heresias, 2.22.5; 3.1.1. Irineu foi um discípulo de Policarpo (70-155 d.C.), que foi discípulo de João e bispo de Esmirna.

Por que João se descrevia como o discípulo a quem Jesus amava? João 13:23; 19:26; 20:2; 21:7 e 20. Jesus amava menos os outros discípulos? O uso da palavra grega ‘amava’ se refere a um processo. Esta é uma maneira humilde de João dizer que Jesus continuava a amá-lo, apesar dos seus muitos defeitos de caráter (Mar. 9:38; 10:35-37; Luc. 9:54). "Mau gênio, vingança, espírito de crítica, tudo se encontrava no discípulo amado." – Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 295. Mas João reconhecia com gratidão que era objeto do amor incondicional de Jesus – um amor que só podia vir de Alguém que é Deus. Esse reconhecimento levou o apóstolo a cunhar esta expressão para definir o cristianismo: "Deus é amor", e nos ensinar de modo especial que este amor em toda a sua abundância se manifestou em Jesus (I João 4:7 e 9).

E assim foi que o mais jovem dentre os discípulos e o último a falecer, depois daqueles dias maravilhosos em que Deus entrou no espaço e no tempo para redimir a humanidade, deixou seu legado escrevendo o Evangelho que sublinha o mistério divino-humano de Jesus, em quem existe vida eterna.

II. O Evangelho de João: seu propósito

João informa o propósito do Evangelho em João 20:31: "Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome". Teologicamente, João queria mostrar além de qualquer dúvida que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem (João 1:1-3 e 14; compare com I João 2:22, 23; 4:2 e 3). Esta verdade precisava ser dita porque, quando ele escreveu o Evangelho (80-90 d.C.), as heresias gnósticas estavam penetrando a igreja, negando a realidade da Encarnação. (Os ensinos dos gnósticos eram baseados na idéia grega de que, se Deus é espírito [do bem], Ele não pode Se tornar carne [do mal]).

João queria enfatizar redentivamente o pensamento de que a fé em Jesus e a Sua aceitação levam à vida eterna. João usa a palavra ‘crer’ cerca de cem vezes em seu Evangelho para mostrar que a fé salvadora em Jesus é essencial para a salvação.

III. O Evangelho de João: sua singularidade

Em vez de demorar-se na história, João se concentra no mistério de Jesus: Sua divindade; Sua igualdade com Deus; Seu papel como Criador; Seu poder sobre a natureza, a vida e a morte; e Seu propósito ao encarnar como o Salvador do mundo. Os oito milagres registrados no Evangelho (João 2:1-11; 4:46-54; 5:1-18; 6:1-15, 16-21; capítulo 9; 11:38-57; 21:6-11) não só revelam a singularidade de Jesus como Pessoa mas também desafiam o leitor a depositar sua fé na Sua missão e propósito redentor.

As oito grandes declarações "EU SOU" (João 6:35; 8:12 e 58; 10:7, 9, 11 e 14; 11:25; 14:6; 15:1 e 5) reforçam ainda mais o desejo sem igual de João de mostrar que o seu Senhor e Mestre é Deus e Messias. Sem Jesus, não existe revelação plena de Deus, não existe salvação e nem vida eterna (João 3:16; 20:31).

A singularidade do Evangelho também é vista na ênfase de João sobre a Divindade. Além do prólogo, que estabelece a relação de Filho de Deus, temos em João 14–16 a mais exaustiva apresentação do Espírito Santo e da Sua relação para com o ministério salvador de Jesus.

Sob qualquer perspectiva que se olhe, desde a criação até a redenção, o Evangelho de João é sem igual, e somos abençoados por isso.

Estudo Indutivo da Bíblia

Textos: João 3:16 e 17; 14:29-31; 20:30 e 31; I João 4:13-16.

1. Os relatos da vida e do ministério de Jesus nos quatro Evangelhos são diferentes entre si sob vários aspectos. Você acha que isso confunde ou é útil? Esses relatos diferentes poderiam ser considerados contraditórios? Explique suas respostas.

2. Não é raro os cristãos de hoje sentirem que os primeiros discípulos tinham uma grande vantagem pelo fato de conhecerem a Cristo "em carne". Essa vantagem era realmente tão grande quanto parece? Explique sua resposta. Em que sentido os que conhecem a Cristo por meio da Sua Palavra e do Espírito Santo podem ter vantagem sobre os Seus contemporâneos imediatos?

3. Como podemos usar a imaginação quando lemos a Bíblia a fim de nos sentir mais próximos de Jesus e sentir que O conhecemos melhor?

4. Que critérios você acha que João usou para selecionar os eventos e ensinos da vida de Jesus incluídos em seu Evangelho? O Evangelho de João tem um tema unificador? Você tem uma idéia de qual é? Por quê? Apresente textos para confirmar sua resposta.

5. Como o Evangelho de João mostra a preocupação de Jesus pelas gerações de crentes que viriam depois dos primeiros discípulos? O que essa preocupação nos ensina sobre a consideração de Jesus por nós?

6. Enquanto o Jesus retratado no Evangelho de João pode parecer mais distante, à primeira vista, também se pode dizer que João O retrata envolvido mais de perto com a criação do que os outros três Evangelhos. Você concorda com esta declaração? Por quê? Apresente textos para defender sua resposta.


Testemunhando

Em 19 de dezembro de 1923, a pequena Myrtle Berry, de 12 anos de idade, observava uma fumaça preta e espessa saindo de um prédio em chamas a um quarteirão de sua casa. Ela caminhou pela Rua Washington para chegar mais perto e ver o Tabernáculo Dime enquanto as chamas o consumiam.

Na outra ponta da Rua Washington estava Ronald Simpson, de 12 anos de idade. Algumas horas mais tarde, Ronald vagava pelo que fora uma vez a primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia em Battle Creek. Desceu ao porão e passou a revolver as cinzas. Uma tábua solta se ergueu quando ele pisou na sua ponta, revelando o sino que antes chamava os adoradores para a Escola Sabatina. O fogo havia destruído a estrutura que o sustentava. Mas ele levou para casa aquele tesouro inestimável, limpou-o e, mais tarde, construiu outra estrutura.

Anos depois, Ronald Simpson conheceu Myrtle Berry, e eles se casaram. Os Simpson guardaram o velho sino por muitos anos, até que Myrtle o doou para o Museu Adventista em Battle Creek. Muito depois do falecimento do seu marido, Myrtle, de 92 anos, ainda vive, pela graça de Deus, para contar a história do Tabernáculo Dime em chamas. Muitos que não estiveram lá ouvem com emoção enquanto ela lembra os detalhes daquele dia histórico.

Jesus disse: "Bem-aventurados os que não viram e creram" (João 20:29). O autor do Evangelho de João estava realmente lá quando Cristo viveu na Terra. Pela fé, cremos que as coisas que ele escreveu são verdadeiras, embora não estivéssemos lá para ver por nós mesmos. E nestes últimos dias, o Senhor nos escolheu para sermos Suas testemunhas, a fim de levar outros para a Palavra de Deus, onde eles também podem ler em primeira mão as histórias dos que caminharam e falaram com Jesus.


Aplicações à vida diária

Ponto de Partida:

O livro apócrifo, Os Atos de Tomé, conta esta história: Depois da morte de Jesus, os discípulos dividiram o mundo em regiões para levarem a mensagem do evangelho. A Índia coube a Tomé, que expressou dúvidas e apresentou muitas desculpas. Então, Jesus lhe apareceu uma noite e disse: "Não tenha medo, Tomé, vá para a Índia e pregue a palavra, porque a Minha graça estará com você."

Alguns santuários e monumentos no sul da Índia atribuem a Tomé a pregação de Jesus na Índia. Se esta história for verdadeira (e não temos motivo para crer que seja), o que deve ter levado Tomé a superar as suas dúvidas? Quais são os elementos na sua vida que tiram você do ceticismo e o fazem agir com fé? Que tipo de relação você precisa ter com Jesus para tornar a Sua palavra tão poderosa quanto o Seu toque?

Perguntas para consideração:

1. Para Tomé, fé e obediência não ocorriam facilmente. Ele era do tipo que precisava estar absolutamente certo dos prós e contras de uma situação antes de assumir um compromisso. Compare a necessidade de uma experiência prática de Tomé com a necessidade só pela graça, de Paulo. Quais são as semelhanças e as diferenças? Quais são os elementos humanos que nos levam a querer uma prova concreta do controle de Deus?

2. Por trás de cada boa pessoa existe outra boa pessoa que serve como mentor e inspiração. O contato com a bondade gera bondade. O segredo da vida de Jesus era Seu contato com o Pai. O Evangelho de João enfatiza esse contato. Este não é necessariamente um contato físico. Pense nos personagens bíblicos cujo contato íntimo com Deus se refletiu na vida que tiveram. Como a vida dessas pessoas reflete o contato íntimo com Deus, embora esteja destituído da Sua presença física?

3. Leia a oração de Jesus em João 17:20 e 21. Mesmo em uma ocasião em que Seus seguidores eram poucos e a cruz crescia à Sua frente, a confiança de Jesus permanecia firme. Ele Se concentra em um futuro mais brilhante para aqueles que viriam a crer nEle. Nessa oração, que elementos de unidade Jesus pressente para Sua igreja? Como a unidade afeta a fé e os trabalhos da igreja?

Perguntas de aplicação:

1. A parte de segunda-feira enfatiza a bênção especial reservada para os que crêem sem ver. Essa fé cega só pode ser resultado de uma relação muito próxima com o Salvador. O que você pode fazer diariamente para cultivar essa proximidade com o seu Senhor?

2. Um estudo sobre o cristianismo revelará que a unidade cristã muitas vezes é contrariada por cerimônias humanas, estruturas organizacionais e credos. O que a igreja pode fazer de prático para concentrar novamente sua atenção na unidade e no verdadeiro amor de uns aos outros e no amor a Deus? Qual seria a reação do mundo a uma unidade verdadeira na igreja?


COMENTÁRIO CPB

COMENTÁRIO Prof SIKBERTO

LIÇÃO dos JOVENS

LIÇÃO E COMENTÁRIO em ESPANHOL

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