5
– Você
já ouviu falar em Juízo Investigativo? Compreendeu-o?
Sua
Resposta: ___________________________________________________________________
O
que Cristo está fazendo agora?
Antes de mais nada, devemos conhecer como se dava o juízo de Deus aqui na Terra
antes da cruz... Voltemos aos dias de Jesus:
É
chegada a hora do sacrifício da tarde. O sacerdote está em pé no pátio do
templo de Jerusalém, pronto para oferecer um cordeiro como sacrifício. Ergue o
cutelo para imolar a vítima, mas nesse momento a Terra sofre uma convulsão.
Aterrorizado ele solta o cutelo e o cordeiro escapa. Por sobre o estrondo do
terremoto, ele houve um alto ruído de algo que se rasga, enquanto mãos invisíveis
partem o véu do templo de alto a baixo.
Fora
da cidade, nuvens negras envolvem uma cruz. Quando Jesus, o Cordeiro Pascal de
Deus, exclama: "Está feito!", Ele morre pelos pecados do mundo.
O
tipo encontrava o antítipo. O próprio evento ao qual os serviços do templo
haviam apontado durante séculos, acabara de ocorrer. O Salvador completara Seu
sacrifício expiatório, e pelo fato do símbolo haver encontrado a realidade,
os rituais que antecipavam esse sacrifício haviam sido ultrapassados. Por essa
razão, o véu rasgou-se, o cutelo caiu das mãos do sacerdote e o cordeiro
escapou.
Há
mais, porém, em relação à história da salvação. A questão vai além da
cruz. A ressurreição e a ascensão de Jesus dirigem nossa atenção para o
santuário celestial onde, não mais como Cordeiro, mas como sacerdote Ele
ministra. O sacrifício foi oferecido uma vez por todas (Hebreus 9:28); agora
Ele torna disponíveis a todos os benefícios de Seu sacrifício expiatório.
O
Santuário Celestial
Deus
instruiu Moisés quanto à construção do lugar em que, na Terra, Ele iria
habitar (Êxodo 25:8); tratava-se do santuário, o qual funcionou sob o primeiro
(velho) concerto (Hebreus 9:1). Esse era o lugar no qual se ensinava ao povo o
caminho da salvação. Cerca de 400 anos mais tarde, o templo em Jerusalém,
construído pelo rei Salomão, ocupou o lugar do tabernáculo transportável de
Moisés.
Depois
que Nabucodonosor destruiu o templo, os exilados que retornaram de Babilônia
construíram o segundo templo, que foi mais tarde embelezado grandemente por
Herodes, o Grande; este último templo foi destruído pelos romanos no ano 70
d.C.
O
Novo Testamento revela que o novo concerto também possui seu templo, e este se
encontra no Céu. Nele Cristo trabalha como sumo sacerdote "à direita do
trono da Majestade". Esse santuário é o "verdadeiro tabernáculo que
o Senhor erigiu, não o homem" (Hebreus 8:1 e 2). No monte Sinai, foi
mostrado a Moisés um "modelo", cópia ou miniatura do santuário
celestial (veja Êxodo 25:9 e 40). As Escrituras identificam o santuário
mosaico como "figura das coisas que se acham nos Céus" e "figura
do verdadeiro" santuário (Hebreus 9:23 e 24). O santuário terrestre e
seus serviços nos provêem, portanto, vislumbres especiais no tocante ao papel
do santuário celestial.
Em
toda a sua extensão, a Escritura revela a existência de um templo ou santuário
no Céu (por exemplo, Salmo 11:4; 102:19; Miquéias 1:2 e 3). Em visão, o apóstolo
João contemplou o santuário celestial. Ele o descreve como “o santuário do
tabernáculo do testemunho” que está no Céu (Apocalipse 15:5) e “o santuário
de Deus, que se acha no Céu” (Apocalipse 11:19). Ele chegou a contemplar os
itens que constituíram o modelo para mobília que ocupava o espaço do lugar
santo do santuário terrestre, tais como o castiçal com sete lâmpadas
(Apocalipse 1:12) e o altar de incenso (Apocalipse 8:3). Viu também a arca da
aliança, que no santuário terrestre ocupava o Santo dos Santos (Apocalipse
11:19).
O
altar do incenso do santuário celestial acha-se situado diante do trono de Deus
(Apocalipse 8:3; Apocalipse 9:13), que se localiza no templo celestial de Deus
(Apocalipse 4:2; Apocalipse 7:15; Apocalipse 16:17). Portanto, a cena do trono
celestial de Deus (Daniel 7:9 e 10) ocorre no templo ou santuário celestial. É
por essa razão que os juízos finais de Deus partem de Seu templo (Apocalipse
15:5-8).
Torna-se
claro, portanto, que as Escrituras apresentam o santuário celestial como um
lugar efetivamente existente (Hebreus 8:2), não como uma metáfora ou abstração.
O santuário celestial é o lugar primário de habitação de Deus.
Obs:
A palavra “verdadeiro” (Hebreus 8:2) também aparece em Hebreus 9:24; João
17:3 e I Tessalonicenses 1:9, e “significa ‘real’, em oposição a
meramente ‘aparente’”
O
Ministério no Santuário Celestial
A
mensagem do santuário era uma mensagem de salvação. Deus utilizou os seus
serviços para proclamar o evangelho (Hebreus 4:2). Os serviços do santuário
terrestre eram "uma parábola para a época presente" até o tempo da
primeira vinda de Cristo (Hebreus 9:9 e 10). “Através dos símbolos e rituais
Deus propôs, por meio desse evangelho-parábola, focalizar a fé de Israel no
sacrifício e ministério sacerdotal do Redentor do mundo, o ‘Cordeiro de
Deus’ que haveria de remover todo o pecado do mundo (Gálatas 3:23; João
1:29).”
O
santuário ilustra três fases do ministério de Cristo: (1) sacrifício
substitutivo, (2) mediação sacerdotal e (3) julgamento final.
1.
O sacrifício substitutivo.
Todos
os sacrifícios do santuário simbolizava a morte de Jesus para o perdão dos
pecados, revelando a verdade de que "sem derramamento de sangue não há
remissão" (Hebreus 9:22). Esses sacrifícios ilustravam as seguintes
verdades:
Deus
julga o pecado - Pelo fato do pecado constituir uma profunda rebelião contra
tudo o que é bom, puro e verdadeiro, ele não pode ser ignorado. "O salário
do pecado é a morte" (Romanos 6:23).
2.
A morte substitutiva de Cristo.
"Todos
nós andávamos desgarrados como ovelhas... mas o Senhor fez cair sobre Ele a
iniqüidade de todos nós" (Isaías 53:6). "Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras" (I Coríntios 15:3).
3.
Deus provê o sacrifício expiatório.
Esse
sacrifício é "Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no Seu sangue, como
propiciação, mediante a fé" (Romanos 3:24 e 25). "Àquele que não
conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça
de Deus" (II Coríntios 5:21). Cristo, o Redentor, assumiu sobre Si o
julgamento do pecado. Portanto, Cristo foi tratado como nós merecíamos, para
que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado
pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos
justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte. Sofreu a morte que
nos cabia, para que recebêssemos a vida que a Ele pertencia. 'Pelas Suas
pisaduras fomos sarados' (Isaías 53:5)" [O Desejado de Todas as Nações, pág. 25].
Os
sacrifícios do santuário terrestre eram repetitivos. Tal qual uma história,
esse ritual - parábola da redenção - era contado e recontado ano após ano.
Em contraste, o Antítipo - o verdadeiro sacrifício expiatório, a morte do
Senhor - ocorreu no calvário uma vez por todas (Hebreus 9:26-28; 10:10-14).
Na
cruz, a penalidade pelo pecado humano foi plenamente paga. A justiça divina foi
satisfeita. Sob a perspectiva legal, o mundo havia sido restaurado ao favor
divino (Romanos 5:18). A expiação, ou reconciliação, foi completada na cruz,
conforme antecipada pelos sacrifícios, e o pecador penitente pode confiar
plenamente nessa obra do Senhor, concluída.
O
Mediador Sacerdotal.
Se
o sacrifício expiou os pecados, por que era necessário um sacerdote?
O
papel do sacerdote chamava atenção para a necessidade de mediação entre os
pecadores e um Deus santo. A mediação sacerdotal revela a gravidade do pecado
e a alienação que ele ocasionou entre um Deus sem pecado e a criatura
pecaminosa. "Assim como cada sacrifício antecipava a morte de Cristo,
assim cada sacerdote antecipava o ministério mediatório de Cristo como sumo
sacerdote no santuário celestial. 'Portanto há um só Deus e um só Mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem' (I Timóteo 2:5)."
1.
Mediador e expiação.
A
aplicação do sangue expiatório durante o ministério mediatório dos
sacerdotes era também vista como uma forma de expiação (Levítico 4:35). Em
inglês, o termo atonement (expiação) implica reconciliação entre
duas partes que se achavam rompidas. Assim como a morte expiatória de Cristo
reconciliou o mundo com Deus, assim a Sua mediação, ou aplicação dos méritos
de Sua vida sem pecado e morte substitutiva, faz da reconciliação ou expiação
com Deus uma realidade pessoal para o crente.
O
sacerdócio levítico ilustra o ministério redentor que Cristo tem desempenhado
desde a Sua morte. Nosso Sumo Sacerdote, que serve "à destra do trono da
Majestade nos Céus", trabalha como "ministro do santuário e do
verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem" (Hebreus 8:1 e
2).
O
santuário celestial é o grande centro de comando, de onde Cristo conduz Seu
ministério sacerdotal em favor de nossa salvação. Ele é capaz de
"salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles" (Hebreus 7:25). Portanto, somos estimulados a nos
aproximar "confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em, ocasião oportuna"
(Hebreus 4:16).
No
santuário terrestre, os sacerdotes desempenhavam dois ministérios distintos -
o ministério diário no lugar santo, ou primeiro compartimento, e o ministério
anual no lugar santíssimo, ou segundo compartimento. Esses serviços ilustravam
o ministério sacerdotal de Cristo.
2.
O ministério no lugar santo.
O
ministério sacerdotal no lugar santo do santuário poderia ser caracterizado
como um ministério de intercessão, perdão, reconciliação e restauração.
Sendo contínuo provia contínuo acesso a Deus, através do sacerdote.
Simbolizava a verdade de que o pecador arrependido dispõe de imediato e contínuo
acesso a Deus através do ministério sacerdotal de Cristo como intercessor e
mediador (Efésios 2:18; Hebreus 4:14-16; 6:20; 9:24; 10:19-22).
Quando
o pecador penitente vinha ao santuário com um sacrifício, depunha as mãos
sobre a cabeça do inocente animal e confessava seus pecados. Esse ato
transferia simbolicamente seus pecados e penalidade para a vítima. Como
resultado, ele obtinha perdão de suas transgressões. Assim estabelece The Jewish Encyclopedia:
"A
deposição de mãos sobre a cabeça da vítima é um rito comum, pelo qual são
efetuados a substituição e a transferência de pecados." "Em cada
sacrifício acha-se presente a idéia de substituição; a vítima assume o
lugar do pecador humano."
O
sangue da oferta pelo pecado era aplicado de duas formas: a) Se ele fosse levado
para o lugar santo, era aspergido diante do véu interno e colocado nos cantos
do altar de incenso (Levítico 4:6, 7; 4:17 e 18). b) Se não era conduzido para
o lugar santo, sua colocação era feita nos cantos do altar de holocausto, no pátio
(Levítico 4:25 e 30). Nesse caso, o sacerdote comia parte da carne do sacrifício
(Levítico 6:25, 26 e 30). Em ambos os casos, os participantes entendiam que
seus pecados e responsabilidades eram transferidos ao santuário e seu sacerdócio.
1
"Nesta parábola ritual o
santuário assumia a culpa e a responsabilidade do penitente - pelo menos
durante certo tempo - quando o penitente oferecia a oferta pelo pecado,
confessando seus erros. Ele saía dali perdoado, certo da aceitação divina.
Assim, no serviço antítipo, quando um pecador é levado pelo espírito de Deus
(João 6:39) a
aceitar a Cristo como seu Salvador e Senhor, Cristo
assume seus pecados e responsabilidade. Ele é perdoado graciosamente.
Cristo é o Fiador do crente, bem como o seu Substituto."
Tanto
no tipo quanto no antítipo, o ministério do lugar santo centraliza-se
primariamente no indivíduo. O ministério sacerdotal de Cristo providencia o
perdão do pecador e sua reconciliação com Deus (Hebreus 7:25). "Em
consideração a Cristo, Deus perdoa o pecador arrependido, imputa-lhe o reto
caráter e a obediência de Seu Filho, perdoa seus pecados, e registra seu nome
no Livro da Vida, como um dos Seus filhos (Efésios 4:32; I S. João 1:9; II Coríntios
5:21; Romanos 3:24; Lucas 10:20). E à medida que o crente permanece em Cristo,
a graça espiritual lhe é mediada através de nosso Senhor, por meio do espírito
de Deus, de modo que ele alcança maturidade espiritual e desenvolve as virtudes e
graças que refletem o divino caráter (II Pedro 3:18; Gálatas 5:22 e
23)". O ministério no lugar santo efetua a justificação e santificação
do crente.
O
Julgamento Final.
Os
eventos do Dia da Expiação ilustram as três fases do divino julgamento final.
São elas: O "julgamento pré-milenial" ou "juízo
investigativo", que também é conhecido como julgamento pré-Advento";
o "julgamento milenial" e o "julgamento executivo", que
ocorre ao final do milênio.
1.
O Ministério no Lugar Santíssimo.
A
segunda divisão do ministério sacerdotal acha-se centralizada primariamente no
santuário, tendo a ver com a purificação do santuário e do povo de Deus.
Essa forma de ministério, que focalizava o lugar santíssimo do santuário e
que podia ser desempenhada tão-somente pelo sumo sacerdote, limitava-se a um único
dia do calendário religioso.
A
purificação do santuário requeria dois bodes - o bode do Senhor e o bode
emissário (Azazel, em hebraico). Ao sacrificar o bode do Senhor, o sumo
sacerdote efetuava a expiação pelo "santuário [na verdade, 'santuário'
em todo este capítulo refere-se ao lugar santíssimo], pela tenda da congregação
[o lugar santo], e pelo altar [o pátio]" (Levítico 16:20; cf. 16-18).
Tomando
o sangue do bode do Senhor, o qual representava o sangue de Cristo, e levando-o
para o interior do lugar santíssimo, o sumo sacerdote aplicava-o diretamente,
na própria presença de Deus, ao propiciatório - a cobertura da arca, dentro
da qual estavam contidos os Dez Mandamentos - a fim de satisfazer as exigências
da santa Lei de Deus.
Sua
ação simbolizava o imensurável preço que Cristo teria de pagar pelos nossos
pecados, revelando quão ansioso Deus Se sente por efetuar a reconciliação de
Seu povo consigo mesmo (cf. II Coríntios 5:19). Então, o sumo sacerdote
aplicava esse sangue ao altar do incenso e ao altar dos holocaustos, os quais
haviam sido diariamente aspergidos com o sangue que representava os pecados
confessados. Dessa forma, o sumo sacerdote efetuava a expiação pelo santuário,
bem como pelo povo, efetuando assim a purificação de ambos (Levítico
16:16-20, 30-33).
Passo
seguinte, representando a Cristo como mediador, o sumo sacerdote assumia sobre
si próprio os pecados que haviam poluído o santuário e os transferia para o
bode vivo, Azazel, o qual era então conduzido para fora do acampamento do povo
de Deus. Este ato removia os pecados do povo, os quais a esta altura haviam sido
simbolicamente transferidos dos crentes arrependidos para o santuário através
do sangue ou da carne dos sacrifícios do ministério diário de perdão. Desde
modo o santuário era purificado e preparado para mais um ano de atividade
ministerial (Levítico 16:16-20, 30-37). E assim todas as coisas eram colocadas
em ordem entre Deus e Seu povo.
Vemos
assim que o dia da expiação ilustra o processo de julgamento que lida com a
erradicação do pecado. A expiação levada a efeito nesse dia
"prefigurava a aplicação final dos méritos de Cristo a fim de banir a
presença do pecado por toda a eternidade, e para empreender plena reconciliação
do Universo, sob o governo harmonioso de Deus".
2.
Azazel, o bode emissário.
"A
tradução 'bode emissário', do hebraico azazel, provém da Vulgata, com
a expressão 'caper emissarius', ' bode a ser mandado embora' (Levítico
16:8). O exame cuidadoso de Levítico 16 revela que azazel representa Satanás,
e não Cristo, conforme alguns têm imaginado. Os argumentos que apóiam esta
interpretação, são: "(1) O bode emissário não era morto como sacrifício,
e assim não poderia ser usado como um meio para trazer o perdão, uma vez que
'sem derramamento de sangue não há remissão' (Hebreus 9:22); (2) O santuário
era inteiramente purificado pelo sangue do bode do Senhor antes que o
bode emissário fosse introduzido no ritual (Levítico 16:20); (3) A passagem
trata o bode emissário como um ser pessoal que é o oposto, e se opõe, a Deus
(Levítico 16:8 diz, literalmente, “Um para o Senhor, o outro para Azazel”).
Portanto,
na compreensão da parábola do santuário, é mais coerente ver o bode do
Senhor como símbolo de Cristo e o bode emissário - Azazel - como símbolo de
Satanás."
3.
As diferentes fases do julgamento.
O
ritual do bode emissário no dia da expiação apontava para além do Calvário,
ao fim do último problema do pecado - o banimento deste e de Satanás. A
"plena responsabilidade pelo pecado será devolvida a Satanás, o seu
originador e instigador. Satanás e seus seguidores, bem como todos os efeitos
do pecado, serão banidos do Universo por meio da destruição.
A
expiação através do julgamento, portanto, fará brotar um Universo plenamente
reconciliado e harmonioso (Efésios 1:10). Este é o objetivo que a segunda e última
fase do ministério de Cristo como sacerdote do santuário celestial irá
atingir". Esse julgamento testemunhará a vindicação final de Deus diante
do Universo. O Dia da Expiação retratava as três fases do julgamento final:
a.
A remoção dos pecados do santuário relaciona-se com a primeira fase -
investigativa, ou fase pré-Advento - do julgamento. Ela "focaliza os nomes
anotados no Livro da Vida, assim como Dia da Expiação focalizava a remoção
dos pecados confessados do penitente, do santuário, falsos crentes serão
eliminados; a fé dos genuínos crentes e sua união com Cristo serão
reafirmados perante o Universo leal, e os registros de seus pecados serão
apagados".
b.
O banimento do bode emissário para o deserto simbolizava a prisão de Satanás
durante o milênio, na desolada Terra; este milênio começa por ocasião do
Segunda Advento e coincide com a segunda fase do julgamento final, a qual ocorre
no Céu (Apocalipse 20:4; I Coríntios 6:1-3). Este julgamento milenial envolve
a revisão do julgamento dos maus e será empreendido em benefício dos remidos,
ao conceder-lhes o vislumbre do trato de Deus com o pecado e com aqueles
pecadores que não se salvarão. Será respondida assim qualquer pergunta que os
salvos possam ter a respeito da justiça e da misericórdia de Deus.
c.
O acampamento purificado simboliza os resultados da terceira fase do julgamento,
a fase executiva, quando o fogo destruirá os maus e purificará a Terra
(Apocalipse 20:11-15; Mateus 25:31-46; II Pedro 3:7-13).
O
Santuário Celestial na Profecia
Na
discussão anterior (O Ministério de Cristo no Santuário Celestial - Parte I),
focalizamos o santuário a partir da perspectiva de tipo e antítipo. Queremos
agora examiná-lo a partir da perspectiva profética.
A
Unção do Santuário Celestial.
A
profecia das 70 semanas de Daniel 9 apontava para a inauguração do ministério
sacerdotal de Cristo no santuário celestial. Um dos últimos eventos, que
deveria ocorrer durante os 490 anos, era a unção do "santo dos
Santos" (Daniel 9:24). A expressão hebraica godesh godeshim, que
foi traduzida como "santíssimo", significa literalmente "Santos
dos Santos". A frase seria melhor traduzida, portanto, como "ungir o
Santo dos Santos" (como, convém observar, ela realmente aparece na Versão
Almeida Revista e Atualizada).
Assim
como em sua inauguração o santuário terrestre foi ungido com óleo sagrado a
fim de que tal ato o consagrasse para os seus serviços, assim, em sua inauguração,
o santuário celeste também deveria ser consagrado para o ministério intercessório
de Cristo. Com Sua ascensão pouco tempo depois de Sua morte (Daniel 9:27),
Cristo iniciou Seu ministério como Sumo Sacerdote e intercessor.
A
Purificação do Santuário Celestial.
Falando
do santuário celestial, o livro de Hebreus afirma: "Com efeito, quase
todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue: e sem derramamento de
sangue não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas
que se acham nos Céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias
coisas celestiais com sacrifícios a eles superiores" - o precioso sangue
de Cristo (Hebreus 9:22 e 23). Vários comentaristas bíblicos têm observado
este ensinamento bíblico:
Henry
Alford assinalou que "o próprio Céu necessitava, e obteve purificação
através do sangue expiatório de Cristo". B. F. Westcott comentou:
"Pode-se dizer que mesmo as 'coisas celestiais', na extensão em que
personificam as condições da futura vida do homem, adquiriram pela Queda
alguma coisa que necessitava ser purificada." Foi o sangue de Cristo, disse
Westcott, que se achava disponível "para a purificação do celestial arquétipo
do santuário terrestre."
Assim
como os pecados do povo de Deus eram pela fé transferidos para a oferta pelo
pecado e então simbolicamente transportados para o santuário terrestre, assim,
sob o novo concerto, os pecados confessados pelo penitente são pela fé
colocados sobre Cristo.
Do
modo como durante o Dia da Expiação típico a purificação do santuário
removia os pecados que já se haviam acumulado, assim o santuário celestial é
purificado pela remoção final de todos os pecados registrados nos livros
celestiais. Mas antes que os registros sejam finalmente limpos, serão eles
examinados a fim de ser determinar quem, através de arrependimento e fé em
Cristo, está apto a entrar em Seu reino eterno. Portanto, a purificação do
santuário celestial envolve uma obra de juízo investigativo que reflete
plenamente a natureza do Dia da Expiação como dia de julgamento.
Este
julgamento, que ratifica as decisões quanto a quem deverá estar entre os
salvos e quem estará entre os perdidos, deve ocorrer antes da Segunda Vinda,
pois por ocasião do Segundo Advento, Cristo deverá retribuir "a cada um
segundo as suas obras" (Apocalipse 22:12). Naquela oportunidade também serão
respondidas as acusações de Satanás (Apocalipse 12:10).
Todos
aqueles que verdadeiramente se arrependeram e pela fé reclamaram o sangue do
sacrifício expiatório de Cristo, terão assegurado o perdão. Quando seus
nomes forem chamados a julgamento e se constatar que eles estão revestidos pelo
manto da justiça de Cristo, seus pecados serão apagados e eles serão
considerados dignos da vida eterna. (Lucas 20:35). "Aquele que
vencer", disse Jesus, "será assim vestido de vestiduras brancas, e de
modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o
seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos" (Apocalipse 3:5).
O profeta Daniel revela a natureza desse julgamento investigativo.
Enquanto o poder apóstata simbolizado pelo chifre pequeno leva avante suas
blasfêmias e sua obra de perseguição contra Deus e Seu povo na Terra (Daniel
7:8, 20, 21 e 25), tronos são colocados no Céu e Deus preside a sessão do
tribunal nesse julgamento final. Ele ocorre na sala do trono do santuário
celestial e é assistido por milhões de testemunhas celestiais. Quando o
tribunal entra em funcionamento, os livros são abertos, assinalando o início
do processo de investigação (Daniel 7:9 e 10). Somente depois desse julgamento
é que o poder apóstata é destruído (Daniel 7:11).
A
Ocasião do Julgamento.
Tanto
o Pai quanto Cristo acham-Se envolvidos no juízo investigativo. Antes de Seu
retorno à Terra nas "nuvens do Céu", Cristo, na qualidade de
"Filho do homem" vem "com as nuvens do Céu" até o
"Ancião de Dias", Deus Pai, e posta-Se diante dEle (Daniel 7:13).
Desde o momento de Sua ascensão, tem Jesus Cristo trabalhado como Sumo
Sacerdote, nosso intercessor diante de Deus (Hebreus 7:25). Mas nessa
oportunidade, Ele vem para receber o reino (Daniel 7:14).
1.
O eclipse do ministério sacerdotal de Cristo.
Daniel
8 fala-nos a respeito da controvérsia entre o bem e o mal e do triunfo final de
Deus. Esse capítulo revela que no espaço decorrido entre a inauguração do
ministério sumo-sacerdotal de Cristo e a purificação do santuário celestial,
um poder terrestre haveria de obscurecer o ministério de Cristo.
O
carneiro da visão representava o império Medo-Persa (Daniel 8:20 ) - sendo que dois chifres, o mais alto apareceu por último,
retratando claramente as duas fases do império, em que os persas dominantes
entraram em cena por último. Conforme Daniel predissera, esse reino oriental
exaltava o seu poder "para o ocidente, e para o norte, e para o sul",
e assim se engrandeceria (Daniel 8:4).
O
bode macho que vinha do ocidente simbolizava a Grécia, com o seu grande chifre,
o "rei primeiro" representando Alexandre, o Grande (Daniel 8:21).
Provindo "do ocidente", Alexandre rapidamente derrotou os persas.
Depois, dentro de poucos anos após a sua morte, o império foi dividido em
"quatro reinos" (Daniel 8:8 e 22) - os reinos de Cassandro, Lisímaco,
Seleuco e Ptolomeu.
"No
fim de seu reinado" (Daniel 8:23), ou, em outras palavras, próximo ao fim
do dividido império grego, erguer-se-ia um "chifre pequeno" (Daniel
8:9). Alguns consideram Antíoco Epifânio, um rei sírio que governou
sobre a Palestina durante curto período no segundo século a.C., como sendo o
cumprimento desta porção da profecia. Outros, incluindo a maioria dos
reformadores, têm identificado este chifre pequeno como Roma, tanto na fase pagã
quanto na fase papal. Esta última interpretação corresponde exatamente às
especificações dadas por Daniel, ao passo que a outra não o faz. Observe os
seguintes pontos:
a.
O poder do chifre pequeno estende-se desde a queda do império grego até o
"tempo do fim" (Daniel 8:17). Somente Roma pagã e papal, preenche
essas especificações quanto ao tempo.
b.
As profecias de Daniel 2, 7 e 8 correm paralelamente. Os quatro metais da imagem
de Daniel 2, assim como as quatro bestas de Daniel 7 representam os mesmos impérios
mundiais: Babilônia, Medo-Persa, Grécia e Roma. Tanto os pés de ferro e barro
como os dez chifres do quarto animal representam as divisões do império
romano; esses estados divididos deveriam continuar até o Segundo Advento.
Observe que ambas as profecias indicam que Roma sucederia a Grécia, e que ela
seria o último império antes da Segunda Vinda de Cristo e do julgamento final.
O chifre pequeno de Daniel 8 encaixa-se na mesma moldura; sucede a Grécia e é
destruído de modo sobrenatural, ou "sem mão humana" (Daniel 8:25;
2:34).
c.
A Medo-Persa é identificada como "grande", a Grécia é apresentada
como "muito grande" e o chifre pequeno como "excessivamente
grande" (Daniel 8:4, 8 e 9). Roma, um dos maiores impérios mundiais,
preenche bem esta especificação.
d.
Somente Roma expandiu o seu império para o sul (Egito), para o leste (Macedônia
e Ásia Menor) e para a "terra gloriosa" (Palestina), exatamente como
predissera a profecia (Daniel 8:9).
e.
Roma ergueu-se contra o "Príncipe do exército", o "Príncipe
dos príncipes" (Daniel 8:11 e 25), que é ninguém menos que Jesus Cristo.
"Contra Ele e Seu povo, assim como contra o Seu santuário, o poder de Roma
desenvolveu a mais extraordinária guerra. Esta descrição cobre tanto a fase
pagã quanto a fase papal de Roma. Enquanto Roma pagã atingiu a Cristo e até
mesmo destruiu o templo de Jerusalém, Roma papal efetivamente obscureceu o
ministério mediatório, sacerdotal de Cristo em favor dos pecadores no santuário
celestial (veja Hebreus 8:1 e 2), ao instituir um sacerdócio que pretende
oferecer perdão através da mediação humana." Esse poder apóstata alcançaria
bastante êxito, pois "deitou por terra a verdade; fez isto e
prosperou" (Daniel 8:12).
2.
O Tempo de Restauração, Purificação e Julgamento.
Deus
não permitiria que o eclipsamento da verdade relativa ao ministério
sumo-sacerdotal de Cristo prosseguisse indefinidamente. Através de homens e
mulheres fiéis e tementes a Deus, Ele reavivaria Sua causa. A reforma
redescobriu parcialmente o papel de Cristo como nosso Mediador, o que ocasionou
grande reavivamento no seio do mundo cristão. Contudo, havia ainda outras
verdades a serem reveladas acerca do ministério celestial de Cristo.
A
visão de Daniel indicara que o papel de Cristo como nosso sumo sacerdote
tornar-se-ia especialmente notável no "tempo do fim" (Daniel 8:17),
quando Ele começasse Sua obra especial de purificação e julgamento, em adição
ao Seu contínuo ministério intercessório (Hebreus 7:25). A visão especifica
o momento em que Jesus deveria começar seu antitípico ministério do dia da
expiação - a tarefa de juízo investigativo (Daniel 7) e purificação do
santuário - "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário
será purificado" (Daniel 8:14). [Resumo da nota dos autores: A palavra
“purificado”, em hebraico tsadq,
“pode ser sinônimo de taher, ‘ser
limpo, puro’ (Jó 4:17; 17:9 NIV), de zakad,
‘ser puro, limpo’ (Jô 15:14; 25:4), e bor,
‘limpeza’ (Salmo 18:20)”.] Uma
vez que a visão se refere ao tempo do fim, o santuário aqui mencionado não
pode ser o santuário terrestre - pois este já havia sido destruído em 70 d.C.
Portanto, a profecia se refere ao santuário do novo concerto no Céu - o lugar
em que Jesus ministra em favor de nossa salvação.
O
que são os 2300 dias ou "2300 tardes e manhãs", segundo o original
hebraico? De acordo com Gênesis 1, "tarde e manhã" equivale a um
dia. Um período de tempo em profecia simbólica também é simbólico: um dia
profético representa um ano. Assim, de acordo com o que muitos cristãos ao
longo dos anos têm acreditado, os 2300 dias de Daniel 8 significam 2300 anos
literais. [Resumo da nota dos autores: “Quando os hebreus desejavam expressar
separadamente o dia e a noite... então o número de ambos era expresso. Diziam,
por exemplo, 40 dias e 40 noites (Gênesis 7:4 e 12; Êxodo 24:18; II Reis
19:8), e três dias e três noites (Jonas 2:1; Mateus 12:40) e nunca ‘oitenta
dias-e-noites, ou seis dias-e-noites’... Um leitor hebreu não conseguiria
entender o período de 2.300 tardes e manhãs como sendo 2.300 meios-dias ou
1.150 dias completos, pois tarde e manhã, na Criação, não constituíram
meios dias, e sim um dia completo”.]
a.
Daniel 9: a chave para desvendar Daniel 8.
Deus
comissionou o anjo Gabriel a fazer o profeta Daniel "entender a visão"
(Daniel 8:16). Mas o impacto das informações foi tão grande, que Daniel
adoeceu e Gabriel teve de descontinuar a explicação. Encerrando o capítulo 8,
Daniel observou: "Espantava-me com a visão, e não havia quem a
entendesse" (Daniel 8:27).
Em
virtude dessa interrupção, Gabriel teve de retardar a explicação relativa ao
período de tempo envolvido - o único aspecto da visão que ainda não havia
sido explicado. Daniel 9 descreve o seu retorno com o objetivo de completar a
tarefa. Portanto, Daniel 8 e 9 acham-se conectados, sendo o segundo a chave para
com a qual desvendamos o mistério dos 2300 dias. Quando Gabriel apareceu,
disse a Daniel: "No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim
para to declarar... considera, pois, a coisa, e entende a visão." (Daniel
9:23). Ele está se referindo retroativamente à visão dos 2300 dias. Seu
desejo de explicar os elementos de tempo da visão de Daniel 8 torna claro por
que ele começa sua explicação referindo-se a profecia das setenta semanas.
As
setenta semanas, ou 490 anos, estavam "determinadas" ou
"decretadas" para os judeus e Jerusalém (Daniel 9:24). O verbo
hebraico subjacente é chathak. Embora esse verbo seja usado somente uma
vez nas Escrituras, seu significado pode ser compreendido a partir de outras
fontes hebraicas. O conhecido dicionário hebraico-inglês de Genesius
estabelece que o significado apropriado do termo é "cortar", ou
"dividir".
A
partir desta retrospectiva, os comentários de Gabriel são muito reveladores.
Ele diz a Daniel que os 490 anos devem ser cortados - ou separados - do período
maior de 2300 anos. Como ponto inicial dos 490 anos, Gabriel refere-se à ordem
"para restaurar e para edificar Jerusalém" (Daniel 9:25), o que
ocorreu em 457 a.C., o sétimo ano do reinado de Artaxerxes.
Os
490 anos finalizaram em 34 d.C.. Ao separarmos 490 anos dos 2300 anos, restam
ainda 1810 anos. Uma vez que os 2300 anos deveriam estender-se 1810 anos para além
do ano 34 d.C., concluímos que devam alcançar o ano de 1844. [Resumo da nota
dos autores: “É apresentada a questão: ‘Até quando durará a visão? (Daniel 8:13). O termo visão
é o mesmo utilizado nos versos 1 e 2. Assim, quando a pergunta... é feita pelo
anjo celestial, ele está esperando uma resposta que cubra toda a visão... até
o tempo do fim, conforme indicado nos versos 17 e 19.]
b.
Procurando uma compreensão mais plena do ministério de Cristo.
Durante
a porção inicial do décimo nono século, muitos cristãos - incluindo
batistas, presbiterianos, medotistas, luteranos, anglicanos, episcopais,
congregacionalistas e discípulos de Cristo - dedicaram estudo intensivo às
profecias de Daniel 8. Todos esses estudiosos da Bíblia aguardavam que algum
acontecimento muito significativo ocorresse ao final dos 2300 anos. Dependendo
de sua compreensão do poder do chifre pequeno e do santuário, eles esperavam
que esse período profético terminasse com a purificação da Igreja, com a
libertação da Palestina e de Jerusalém, com o retorno dos judeus, com a queda
do poder turco ou muçulmano, com a destruição do papado, com a restauração
do verdadeiro culto, com o início do milênio terrestre, com o dia do juízo,
com a purificação da Terra pelo fogo, ou com o Segundo Advento.
Nenhuma
dessas predições se materializou, e todos os que nelas criam se desapontaram.
A profundidade de seu desapontamento ocorreu na proporção da natureza do
evento predito. Obviamente o desapontamento daqueles que aguardavam o retorno de
Cristo em 1844 foi mais traumático do que o daqueles que aguardavam o retorno
dos judeus para a Palestina.
Como
resultado de seu desapontamento, muitos desistiram de estudar as profecias ou
abandonaram o método historicista de interpretação das profecias, o qual os
havia conduzido àquelas conclusões. Alguns, entretanto, prosseguiram no estudo
das profecias e do assunto do santuário com muita oração e dedicação,
focalizando o ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial, em seu
favor. Novos e preciosos vislumbres desse ministério recompensaram seus esforços.
Descobriram que a histórica fé profética da igreja primitiva e da Reforma
ainda era válida. O cálculo do período profético estava correto. Os 2300
anos haviam findado em 1844. Seu equívoco - e de todos os intérpretes daquela
oportunidade - foi quanto a sua compreensão de qual evento haveria de ocorrer
ao final daquele período profético. Nova luz no tocante ao ministério de
Cristo no santuário converteu o desapontamento daquelas pessoas em esperança e
alegria.
Seus
estudos dos ensinamentos bíblicos no tocante ao santuário revelaram que em
1844 Cristo veio ao Ancião de Dias e começou a fase final de sumo-sacerdócio
no santuário celestial. Esse ministério representava o antítipo do Dia da
Expiação com sua purificação do santuário, que Daniel 7 retrata como juízo
investigativo do período pré-advento.
Essa
nova visão do ministério celestial de Cristo "não representava um
afastamento da fé cristã histórica. Ela é, na verdade, o complemento lógico
e a consumação inevitável dessa fé. É simplesmente o aparecimento e o
cumprimento, nos últimos dias, da ênfase profetizada que caracterizaria o
evangelho eterno... no segmento final de seu testemunho ao mundo."
A
Relação com o Grande Conflito
As
profecias de Daniel 7 e 8 expõem as perspectivas mais amplas do resultado final
da grande controvérsia entre Cristo e Satanás.
A
Vindicação do Caráter de Deus.
Através
das atividades do chifre pequeno, Satanás tem tentado desafiar a autoridade de
Deus. Os atos desse poder têm lançado opróbrio e pisoteado o santuário
celestial, o centro do governo de Deus. As visões de Daniel indicam um
julgamento pré-advento no qual Deus emitirá o veredicto de condenação sobre
o chifre pequeno, e dessa forma sobre o próprio Satanás. À luz do Calvário,
todos os desafios de Satanás serão refutados. Todos chegarão a entender e a
concordar que Deus é justo; que Ele não tem responsabilidade pelo problema do
pecado. Seu caráter emergirá inatacável e Seu governo de amor será
reafirmado.
A
Vindicação do Caráter de Deus.
Ao
mesmo tempo que o julgamento trará condenação ao poder apóstata do chifre
pequeno, ele também é empreendido para fazer "justiça aos santos do Altíssimo"
(Daniel 7:22). Efetivamente, esse julgamento não apenas vindicará a Deus
perante o Universo, mas também o Seu povo. Embora os santos possam ter sido
desprezados e perseguidos em virtude da fé em Cristo, conforme o foram ao longo
dos séculos, o julgamento recoloca as coisas nos devidos lugares. O povo de
Deus concretizará a promessa de Cristo: "Portanto, todo aquele que Me
confessar diante dos homens, também Eu o confessarei diante de Meu Pai que está
nos Céus" (Mateus 10:32; cf. Lucas 12:8 e 9; Apocalipse 3:5).
Julgamento
e Salvação.
Porventura
o juízo investigativo ameaça a salvação daqueles que crêem em Cristo Jesus?
De modo nenhum. Crentes genuínos vivem em união com Cristo, confiando nEle
como intercessor (Romanos 8:34). Sua segurança é a promessa de que "temos
Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo" (I João 2:1).
Por
que, então, o julgamento investigativo antes do Advento? Ele não ocorre para
benefício da Divindade. Destina-se, antes, primeiramente ao benefício do
Universo, servindo para responder às acusações de Satanás e para garantir
aos seres não caídos que Deus permitirá a entrada em Seu reino tão-somente
daqueles que verdadeiramente se converteram. Dessa forma Deus abre os livros de
registro a fim de permitir uma inspeção imparcial (Daniel 7:9 e 10).
Os
seres humanos pertencem a uma das três classes: (1) os ímpios, que rejeitam a
autoridade de Deus; (2) crentes genuínos que, mediante a confiança nos méritos
de Cristo pela fé, vivem em obediência à Lei de Deus; e (3) aqueles que
parecem ser cristãos genuínos mas não o são.
Os
seres caídos conseguem discernir facilmente a primeira categoria. Mas... quem
é crente genuíno e quem não é? Ambos os grupos têm seus nomes escritos no
Livro da Vida, o qual contém os nomes de todos os que alguma vez entraram no
serviço de Deus (Lucas 10:20; Filipenses 4:3; Daniel 12:2; Apocalipse 21:27). A
própria Igreja tem em suas fileiras crentes genuínos e crentes falsos, o trigo
junto com o joio (Mateus 13:28-30).
As
criaturas não caídas de Deus não são seres oniscientes; não conseguem ler
os corações. "Assim se faz necessário um julgamento - antes da
segunda vinda de Cristo - a fim de separar o verdadeiro do falso e para
demonstrar ao Universo expectante a justiça de Deus em salvar o crente sincero.
A questão tem a ver com Deus e o Universo, não com Deus e o Seu filho
verdadeiro. É necessária a abertura dos livros de registro, a exposição
daqueles que professam fé e cujos nomes foram anotados no Livro da Vida.”
Cristo
retratou esse julgamento através da parábola dos convidados à ceia de
casamento que respondem ao generoso convite do evangelho. Pelo fato de nem todos
que decidem ser cristão serem efetivamente genuínos discípulos, o Rei
reconhece a necessidade de inspecionar os convidados e ver quem possui os trajes
nupciais. "Pela veste nupcial da parábola é representado o caráter puro
e imaculado, que os verdadeiros seguidores de Cristo possuirão. Foi dado à
Igreja 'que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente, sem mácula, nem
ruga, nem coisa semelhante' (Apocalipse 19:8; Efésios 5:27). O linho fino, diz
a Escritura, 'é a justiça dos santos' (Apocalipse 19:8). A justiça de Cristo,
Seu próprio caráter imaculado, é, pela fé, comunicada a todos os que O
aceitam como Salvador pessoal" [Parábolas
de Jesus, pág. 310].
Quando
o Rei inspecionar os convidados, somente aqueles que estiverem vestidos das
vestimentas da justiça de Cristo, tão graciosamente oferecidas no convite
evangélico, serão aceitos como genuínos crentes. Aqueles que professam ser
seguidores de Deus mas vivem em desobediência e não estão cobertos pela justiça
de Cristo, serão apagados do Livro da Vida (veja Êxodo 32:33).
O
conceito de um juízo investigativo de todos aqueles que professam fé em Cristo
não contradiz o ensino bíblico da Salvação unicamente pela fé através da
graça. Paulo sabia que um dia ele próprio enfrentaria o juízo. Diante desse
fato, expressou o desejo de "ser achado nEle, não tendo justiça própria,
que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que
procede de Deus, baseada na fé" (Filipenses 3:9). Todos os que estão
unidos a Cristo possuem a certeza da salvação. Na fase pré-advento do último
julgamento, os crentes genuínos, aqueles que possuem uma relação salvadora
com Cristo, recebem afirmação perante o universo não caído.
Contudo,
Cristo não pode assegurar a salvação àqueles que apenas professam ser cristãos
com base nas boas obras que praticam (Mateus 7:21-23). Os registros celestiais,
portanto, são mais do que apenas um ferramenta que serve para separara os genuínos
dos falsos. Também representam o alicerce para confirmação dos crentes genuínos
diante dos anjos.
"Longe
de roubar ao crente de sua certeza em Cristo, a doutrina do santuário a
sustenta. Ela ilustra e esclarece à mente do seguidor de Cristo, sobre o plano
da salvação. Seu coração penitente regozija-se ao perceber a realidade da
morte substitutiva de Cristo em favor de seus pecados, conforme prefigurada nos
sacrifícios. Adicionalmente, sua fé alcança as alturas a fim de encontrar
significado num Cristo vivo, que é o seu Advogado sacerdotal na própria
presença santa de Deus."
Tempo
de Estarmos Prontos.
Deus
deseja que as boas novas desse último ministério salvador de Cristo seja
levada a todo o mundo antes do retorno de Jesus. Nessa mensagem, o ponto central
é o evangelho eterno, o qual deve ser pregado num sentido de urgência, pois
"é chegada a hora do Seu juízo" (Apocalipse 14:7). Esse chamado
adverte o mundo de que o julgamento de Deus está ocorrendo exatamente agora.
Estamos
vivendo hoje no grande dia antitípico da expiação. Tal como os israelitas
eram convocados para afligir a alma naquele dia (Levítico 23:27), assim Deus
chama a todo o Seu povo para experimentar arrependimento de todo o coração.
Todos os que desejarem conservar seu nome no Livro da Vida devem ajustar suas
contas com Deus e com seus semelhantes durante este tempo do julgamento de Deus
(Apocalipse 14:7).
O
trabalho de Cristo como sumo sacerdote aproxima-se do fim. Os anos da provação
humana estão se escoando. Ninguém sabe em que momento a voz de Deus proclamará:
"Está feito!" "Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não
sabeis quando será o tempo." (Marcos 13:33).
Embora
vivamos no soleníssimo tempo do dia antitípico da expiação, não
necessitamos temer. Jesus Cristo, em Sua dupla capacitação de sacrifício e
sacerdote, ministra em nosso favor no santuário celestial. Uma vez que temos
"a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os Céus,
conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não
possa compadecer-Se das nossa fraquezas, antes foi Ele tentando em todas as
coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemos-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da graça, afim de recebemos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna." (Hebreus 4:14-16).
Fonte: Nisto Cremos, págs. 407-430.