Ide,
Ensinai a Todas as Nações
Achando-Se
a um passo de Seu trono celestial, deu Cristo aos discípulos a comissão.
"É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra", disse Ele.
"Portanto ide, ensinai todas as nações." (Mateus 28:18 e 19).
"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura."
(Marcos 16:15). Várias vezes foram as palavras repetidas, a fim de que os
discípulos lhes apreendessem o significado. Sobre todos os habitantes da
Terra, elevados e humildes, ricos e pobres, devia a luz do Céu resplandecer
em claros, poderosos raios.
Os
discípulos deviam ser colaboradores de seu Redentor na obra de salvar o
mundo. As palavras de Cristo, na encosta da montanha, foram o anúncio de que
Seu sacrifício em favor do homem era pleno, completo. As condições para a
expiação haviam sido cumpridas; realizara-se a obra para que Ele viera a
este mundo. Achava-Se a caminho para o trono de Deus, a fim de ser honrado
pelos anjos, os principados e as potestades. Entrara em Sua obra mediadora.
Revestido de ilimitada autoridade.
Os
judeus foram feitos depositários da sagrada verdade; o farisaísmo, porém,
os tornara os mais exclusivistas, os mais fanáticos de toda a raça humana.
Tudo que dizia respeito aos sacerdotes e aos príncipes – seu vestuário,
seus costumes, suas cerimônias, e tradições – tudo os tornava inaptos
para ser a luz do mundo. Consideravam-se a si mesmos, a nação judaica, como
sendo o mundo. Mas Cristo comissionou Seus discípulos a proclamarem uma fé e
um culto que nada encerravam de segregação ou nacionalismo; uma fé que se
adaptaria a todos os povos, todas as nações, todas as classes de homens.
Antes
de deixar os discípulos, Cristo declarou positivamente a natureza de Seu
reino. Trouxe-lhes à memória o que lhes disse anteriormente a respeito do
mesmo. Disse-lhes não ser desígnio Seu estabelecer no mundo um reino
temporal, mas sim espiritual. Não havia de governar como rei terrestre no
trono de Davi. De novo lhes abriu as Escrituras, mostrando que tudo por que
Ele passara fora ordenado no Céu, nos conselhos entre Seu Pai e Ele próprio.
Tudo fora predito por homens inspirados pelo espírito de Deus. Disse-lhes:
Vedes que tudo quanto vos revelei acerca de Minha rejeição como o Messias,
veio a cumprir-se. Verificou-se tudo quanto disse a respeito da humilhação
que Eu devia suportar e da morte de que devia morrer. Ao terceiro dia,
ressuscitei. Examinai mais diligentemente as Escrituras e vereis que, em todas
essas coisas, se cumpriram as especificações da profecia a Meu respeito.
Cristo
ordenou aos discípulos que fizessem a obra que lhes deixara nas mãos, começando
em Jerusalém. Jerusalém fora o cenário de Sua alarmante condescendência
para com a raça humana. Lá sofrera Ele, sendo rejeitado e condenado. A terra
da Judéia era Seu berço. Ali, revestido da humanidade, andara com os homens,
e poucos haviam discernido quão perto o Céu chegara da Terra,
quando Jesus Se achava entre eles. Em Jerusalém devia começar
a obra dos discípulos.
Em vista de tudo quanto Cristo ali sofrera e do não apreciado trabalho
que realizara, os discípulos poderiam ter pedido um campo mais prometedor; não
fizeram, entretanto, essa petição. O próprio terreno em que Ele espalhara a
semente da verdade devia ser cultivado pelos discípulos, e a semente
brotaria, produzindo abundante colheita. Em sua obra, teriam os discípulos de
sofrer perseguição por causa do ciúme e o ódio dos judeus; mas isso fora
suportado pelo Mestre, e não deviam dela fugir. As primeiras ofertas de
misericórdia, cumpria apresentá-las aos assassinos do Salvador.
E
existiam em Jerusalém muitos que tinham crido secretamente em Jesus, e muitos
que haviam sido iludidos pelos sacerdotes e os príncipes. Também a estes
devia o evangelho ser apresentado. Deviam ser chamados ao arrependimento.
Cumpria patentear a admirável verdade de que unicamente por meio de Cristo se
poderia obter remissão de pecados. Enquanto toda Jerusalém estava agitada
com os emocionantes acontecimentos das últimas semanas, a pregação do
evangelho causaria a mais profunda impressão.
Mas
a obra não pararia aí. Dever-se-ia estender aos remotos confins da Terra.
Cristo dissera aos discípulos: Fostes testemunhas de Minha vida de sacrifício
em favor do mundo. Presenciastes Meus labores por Israel. Embora não
quisessem vir a Mim para ter vida, se bem que sacerdotes e principais Me
tivessem feito o que lhes aprouve, embora Me rejeitassem segundo a predição
das Escrituras, terão ainda outra oportunidade de aceitar o Filho de Deus.
Vistes que a todos quantos vêm a Mim, confessando os pecados, Eu os aceito
livremente. Aquele que vem a Mim, de maneira nenhuma o lançarei fora. Todos
quantos quiserem, serão reconciliados com Deus e receberão vida eterna. A vós,
Meus discípulos, confio esta mensagem de misericórdia. Seja anunciada
primeiro a Israel, e depois a todas as nações, línguas e povos. Proclame-se
a judeus e gentios. Todos quantos crerem, serão reunidos em uma igreja.
Mediante
o dom do Santo espírito , receberiam os discípulos maravilhoso poder. Seu
testemunho seria confirmado por sinais e maravilhas. Seriam operados milagres,
não somente pelos apóstolos, mas também pelos que lhes recebessem a
mensagem. Disse Jesus: "Em Meu nome expulsarão os demônios; falarão
novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera,
não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão."
(Marcos 16:17 e 18). Naquela época era muitas vezes empregado o
envenenamento. Homens sem escrúpulos não hesitavam em afastar, por essa
maneira, os que estavam no caminho de suas ambições. Jesus sabia que a vida
dos discípulos seria assim posta em perigo. Muitos julgariam estar servindo a
Deus ao matar Suas testemunhas. Portanto, prometeu protegê-los contra esses
perigos.
Os
discípulos deviam ter o mesmo poder que Cristo possuía para curar
"todas as enfermidades e moléstias entre o povo". Curando em Seu
nome as doenças do corpo, davam testemunho de Seu poder para a cura da alma.
(Mateus 4:23). E um novo dom foi então prometido. Deviam pregar entre
outras nações, e receberiam poder de falar outras línguas. Os apóstolos
e seus cooperadores eram homens iletrados, todavia mediante o derramamento do
espírito de Jesus, no dia de Pentecoste, sua linguagem, fosse no próprio idioma ou
num estrangeiro, tornou-se pura, simples e correta, tanto nas palavras como na
pronúncia.
Assim
deu Cristo aos discípulos sua missão. Tomou plenas medidas para a seqüência
da obra, assumindo Ele próprio a responsabilidade do êxito da mesma.
Enquanto Lhe obedecessem à palavra e trabalhassem em ligação
com Ele, não poderiam falhar. Ide a todas as nações, ordenou-lhes. Ide
às mais longínquas partes do globo habitado, mas sabei que Minha presença
ali Se achará. Trabalhai com fé e confiança, pois nunca virá tempo em que
Eu vos abandone.
A
comissão do Salvador aos discípulos incluía todos os crentes. Abrange todos
os crentes em Cristo até ao fim dos séculos. É um erro fatal supor que a
obra de salvar almas depende apenas do pastor ordenado. Todos a quem veio
a celestial inspiração, são depositários do evangelho. Todos quantos
recebem a vida de Cristo são mandados trabalhar pela salvação de seus
semelhantes.Para essa obra foi estabelecida a igreja, e todos quantos tomam
sobre si os seus sagrados votos, comprometem-se, assim, a ser coobreiros de
Cristo.Quando o Salvador disse: "Ide, ensinai todas as nações",
disse também: "Estes sinais seguirão aos que crerem: Em Meu nome
expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e,
se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos
sobre os enfermos, e os curarão." (Marcos 16:17 e 18).
A
promessa é tão vasta como a comissão. Não que todos os dons sejam
comunicados a cada crente. O espírito reparte "particularmente a cada um
como quer". (I Coríntios 12:11). Mas os dons do espírito são
prometidos a todo crente segundo sua necessidade para a obra do Senhor.
É
fazendo a obra de Cristo que a igreja tem a promessa de Sua presença. Ide,
ensinai a todas as nações, disse Ele; "e eis que Eu estou convosco
todos os dias, até à consumação dos séculos" (Mateus 28:20). Tomar o
Seu jugo é uma das primeiras condições para receber-Lhe o poder. A própria
vida da igreja depende de sua fidelidade em cumprir a comissão do Senhor.
Certo, negligenciar essa obra é convidar a fraqueza e a decadência
espiritual. Onde não há ativo trabalho em benefício de outros, o amor
diminui e definha a fé.
O amor divino moveu-se a Suas insondáveis profundidades em favor dos
homens, e os anjos maravilham-se de ver nos objetos de tão grande amor uma
gratidão meramente superficial. Os anjos pasmam de quão limitada é
a apreciação que o homem tem do amor de Deus. O Céu se indigna
ante a negligência manifestada para com a alma dos homens. Queremos saber
como Cristo o considera? Como sentiria um pai, uma mãe, soubessem eles que,
estando seu filho perdido no frio e na neve, fora desdenhado e deixado a
perecer pelos que o poderiam haver salvado? Não ficariam terrivelmente
ofendidos, furiosamente indignados? Não os acusariam com uma ira tão ardente
como suas lágrimas, tão intensa como seu amor? Os sofrimentos de cada homem
são os sofrimentos de um filho de Deus, e os que não estendem a mão em
socorro de seus semelhantes quase a perecer, provocam-Lhe a justa ira.
Esta
é a ira do Cordeiro. Aos que professam ser companheiros de Cristo, e
todavia se têm mostrado indiferentes às necessidades dos semelhantes,
declarará Ele no grande dia do Juízo: "Não sei de onde vós
sois; apartai-vos de Mim, vós todos os que praticais a iniqüidade."
(Lucas 13:27).
Na
comissão dada aos discípulos, Cristo não somente lhes delineou a obra, mas
deu-lhes a mensagem. Ensinai o povo, disse, "a guardar todas as
coisas que Eu vos tenho mandado". Os discípulos deviam ensinar
o que Cristo ensinara. O que Ele falara, não só em pessoa, mas através de
todos os profetas e mestres do Antigo Testamento, aí se inclui. É excluído
o ensino humano.
Não há lugar para a tradição, para as teorias e conclusões dos
homens, nem para a legislação da igreja. Nenhuma das leis ordenadas por
autoridade eclesiástica se acha incluída na comissão. Nenhuma dessas têm
os servos de Cristo de ensinar.
O
evangelho tem de ser apresentado,
não como uma teoria sem vida, mas como força viva para
transformar a vida. Deus deseja que os que recebem Sua graça sejam
testemunhas do poder da mesma. Aceita francamente aqueles cuja maneira de
proceder mais ofensiva Lhe tem sido; quando se arrependem, comunica-lhes Seu
divino espírito, coloca-os nos mais altos postos de confiança e envia-os ao
acampamento dos desleais, para Lhe proclamar a ilimitada misericórdia.
Quer
que Seus servos dêem testemunho de que, mediante Sua graça, podem os homens
possuir caráter semelhante ao de Cristo e regozijar-se na certeza de Seu
grande amor. Quer que testifiquemos de que Ele não pode ficar satisfeito,
enquanto a raça humana não for reavida e reintegrada em seus santos privilégios
de filhos e filhas de Deus.
Os
primeiros discípulos saíram pregando a Palavra. Eles revelaram Cristo em sua
vida. E o Senhor andava com eles, "confirmando a Palavra com os sinais
que se seguiram". (Marcos 16:20). Estes discípulos se prepararam para a
obra. Antes do dia de Pentecoste se reuniram e tiraram dentre eles todas as
desinteligências. Estavam de um mesmo sentimento. Acreditavam na promessa de
Cristo, de que a bênção seria dada, e oravam com fé. Não pediam a bênção
apenas para si; estavam preocupados com a responsabilidade quanto à salvação
de almas.
O
evangelho devia ser levado até aos confins da Terra, e eles reclamavam a doação
do poder que Cristo prometera. Foi então que o espírito Santo foi derramado,
e milhares se converteram num dia.
Assim pode ser agora. Em vez das especulações dos homens, seja
pregada a Palavra de Deus. Tirem os cristãos do meio deles as dissensões, e
entreguem-se a si mesmos a Deus para salvação dos perdidos. Peçam a bênção
com fé, e ela há de vir. O derramamento do espírito, nos dias apostólicos,
foi a "chuva temporã" (Joel 2:23), e glorioso foi o resultado. Mas
a "chuva serôdia" será mais abundante. As inesgotáveis provisões
do Céu acham-se à sua disposição. Cristo lhes dá o alento de Seu próprio
espírito, a vida de Sua própria vida. O espírito de Jesus desenvolve Suas mais
elevadas energias para operarem no coração e na mente.
A
graça divina amplia-lhes e multiplica-lhes as faculdades, e toda perfeição
da divina natureza lhes acode em auxílio na obra de salvar almas. O Salvador
anela manifestar Sua graça e estampar Seu caráter no mundo inteiro. Este é
Sua comprada possessão, e deseja tornar as pessoas livres, puras e santas.
Embora Satanás trabalhe para impedir esse desígnio, mediante o sangue
derramado pelo mundo, há triunfos a serem realizados, triunfos que trarão glória
a Deus e ao Cordeiro.
Cristo
não Se manifestará enquanto a vitória não for completa, e Ele vir "o
trabalho de Sua alma". (Isaías 53:11). Todas as nações da Terra ouvirão
o evangelho de Sua graça. Nem todos a receberão; mas "uma semente O
servirá; falará do Senhor de geração em geração". (Salmo
22:30).
"E
o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o Céu serão
dados ao povo dos santos do Altíssimo" (Daniel 7:27), e "a Terra se
encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar". (Isaías
11:9). "Então temerão o nome do Senhor desde o poente, e a Sua glória
desde o nascente do Sol." (Isaías 59:19). "Quão suaves são sobre
os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que
anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus
reina!... exultai juntamente, desertos… porque o Senhor consolou o Seu
povo… O Senhor desnudou o Seu santo braço perante os olhos de todas as nações;
e todos os confins da Terra verão a salvação do nosso Deus." (Isaías
52:7 a 10)
NOTA: Impedido pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente, então foi para vantagem deles (os discípulos) que Ele deveria deixá-los, ir para o Pai, e enviar o Espírito Santo para ser o Seu sucessor na terra. O Espírito Santo é Ele mesmo, despido da personalidade da humanidade e independente dela. Ele representaria a Si mesmo como estando presente em todos os lugares pelo Seu Espírito, como o Onipresente. “Mas o Consolador, O Espírito Santo, a quem o Pai enviará, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” [ João 14:26]. “Mas eu vos digo a verdade; convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” [João 16:7]. Manuscript Releases Volume Fourteen, page 23 and 24.