Rabino pede
que papa condene filme de Mel Gibson sobre Cristo
Sex, 27 Fev -
10h10
JERUSALÉM (Reuters) - Um dos principais
rabinos de Israel, Yona Metzger, pediu ao papa João Paulo 2o. que se
manifestasse contra o filme "A Paixão de Cristo" a fim de evitar
danos às relações entre cristãos e judeus, disse o gabinete do rabino na
sexta-feira.
Metzger
escreveu ao papa mostrando-se preocupado com a possibilidade de o filme abalar
os esforços de reconciliação entre judeus e cristãos iniciados em 1965,
quando o Vaticano rejeitou a noção de que os judeus eram coletivamente responsáveis
pela morte de Jesus.
"É
lamentável que um filme tendencioso mine o progresso (da reconciliação) que
conquistamos com tanto cuidado", escreveu o rabino em uma carta enviada ao
papa.
Grupos
judaicos afirmaram que o filme, dirigido por Mel Gibson e que arrecadou mais de
20 milhões de dólares desde seu lançamento, na quarta-feira, poderia fomentar
ataques contra judeus por apresentar de forma violenta as torturas impostas a
Cristo e a crucificação.
"Muitos
espectadores podem ser levados a acreditar que os judeus são coletivamente
responsáveis pela crucificação de Cristo. O filme, na verdade, pode provocar
respostas anti-semitas indesejáveis no curto prazo e no longo prazo",
observou o rabino.
Gibson, um católico
tradicionalista que rejeita as reformas impostas pelo Vaticano em 1965, negou
que o filme seja anti-semita.
A produção
foi celebrada por muitos cristãos, segundo os quais ela os ajudou a reafirmar
sua fé. Mas grupos judaicos e alguns críticos afirmaram que o filme demoniza
os judeus, acusando-os de terem pressionado os romanos para que matassem Jesus.
Em uma
tentativa de evitar que renasçam as tensões entre judeus e cristãos, bispos
dos EUA publicaram um panfleto esclarecendo a postura do Vaticano na questão e
reafirmando que a Igreja Católica não considerava os judeus coletivamente
responsáveis pela crucificação de Jesus.
(Por Megan Goldin)