LIÇÃO 11 – O ESPÍRITO – SUBSTITUTO À ALTURA

Dr. José Carlos Ramos
D.min., é professor de Daniel e Apocalipse

A lição trata da maravilhosa pessoa do Espírito Santo, "enviado", como diz, "para continuar e ampliar a obra de Jesus na Terra". Continuar e ampliar não significa completar, pois em sentido nenhum a obra que Jesus realizou foi incompleta. Tudo o que Ele tinha de fazer para que a salvação se colocasse ao alcance do pecador foi feito. Ele disse: "Eu Te glorifiquei na Terra, consumando a obra que Me confiaste para fazer" (João 17:4; ver também 19:30). O Espírito continua e amplia a obra de Jesus porque aplica em escala mundial os benefícios salvíficos daquilo que Ele realizou "uma vez para sempre" (Heb. 9:28). Em Jesus, Deus operou fora de mim a salvação; através do Espírito, Deus opera em mim esta salvação já realizada em Cristo. Resultado: sou tão plenamente salvo como se Jesus tivesse morrido só por mim. Esta experiência é individualizada, através do ministério do Espírito, em cada pecador que, em qualquer ponto do planeta, crê em Jesus.

À luz de Apocalipse 22:17, o ministério do Espírito e o ministério da Igreja, em certo sentido, são um. E esse único ministério não é outro senão o próprio ministério do Senhor Jesus, e é o próprio ministério de Cristo porque é um ministério conduzido pelo Espírito. Há um senso de unidade entre o ministério de Cristo e o da Igreja. O mesmo Espírito que impulsionou a Cristo naqueles três anos e meio impulsiona a Igreja a partir daquele memorável Pentecostes, cinqüenta dias depois da ressurreição. Esse ponto é bem caracterizado no livro de Atos, que relata a trajetória triunfante da Igreja primitiva. Em 1:2, por exemplo, o Espírito Santo ainda atua em Jesus após a ressurreição. Não há, portanto, uma quebra de seqüência entre o Cristo histórico e o Cristo glorificado. A partir de Atos 2 o mesmo Espírito atuará na Igreja. O Espírito Santo é a garantia de uma unidade perfeita, de um histórico ininterrupto entre o Cristo pré e pós-ressurreto e a Igreja. Atos revela isto claramente.

O quarto Evangelho deixa entrever esse fato. Por exemplo, quando Jesus apareceu aos apóstolos após a ressurreição, disse-lhes: "Assim como o Pai Me enviou, Eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo" (João 20:21 e 22) Em João, a missão dos discípulos não se distingue da missão de Jesus Cristo. Não há isso de autonomia e independência da Igreja, porque ela e Cristo são um; onde Jesus está, a Igreja está, e onde a Igreja está, aí deve estar Jesus. Naturalmente, esse glorioso fato é devido à presença do Espírito Santo com o povo de Deus.

O tema da lição desta semana concorre igualmente para uma ênfase sempre dada: não preciso sentir o toque de Jesus para tê-Lo comigo, pensamento por demais precioso para a segunda geração de crentes e as seguintes. A lição diz: "O Espírito é o Sucessor e Representante de Cristo diante dos discípulos e do mundo. É nesse sentido que se pode dizer que o Espírito Santo ‘substitui’ Jesus. O Espírito estende a presença de Jesus à nova geração, que nunca conheceu Seu toque físico. O ensino que Jesus [não] mais poderia dar em carne, o Espírito faria isso em Seu lugar. O testemunho que Ele não mais daria, o Espírito daria em Seu lugar. Por meio do Espírito, Jesus continuaria. Acima de tudo, então, é pelo Espírito que a presença de Jesus é transformada em realidade em nossa vida, embora não O possamos ver ou tocar."

Nesse sentido, é até vantajoso que Jesus tenha voltado ao Céu e enviado Seu representante (16:7). "Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em toda parte em pessoa. Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu sucessor na Terra. Ninguém poderia ter então vantagem devido a sua situação ou seu contato pessoal com Cristo. Pelo Espírito, o Salvador seria acessível a todos. Nesse sentido, estaria mais perto deles do que se não subisse ao alto." (O Desejado de Todas as Nações, pág. 669). Este texto do Espírito de Profecia (que nada tem a ver com a onipresença do Filho de Deus, mas com Sua presença corporal no mundo, tal como ocorreu há dois mil anos), revela-nos por que a volta de Jesus ao Céu foi vantajosa.

De fato, não havia alguém mais à altura para substituir a Jesus.

Domingo – Despedidas

A saída de Judas de entre o grupo no Cenáculo, propiciou que Jesus dissesse: "Agora, foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado nEle." (13:31) Geralmente se observa que a glorificação de Jesus em João ocorre no evento da crucifixão. À luz destas palavras, entretanto, é possível divisar que o Calvário é central no processo desta glorificação; este inicia no momento em que Jesus, depois da saída de Judas, direciona suas instruções exclusivamente aos apóstolos fiéis; e avança para além da cruz, para a ressurreição e eventos posteriores. Neste aspecto também a experiência de Jesus é a experiência da Igreja. O processo de glorificação da Igreja se iniciará quando tudo e todos os que são de Babilônia, e que presentemente ainda persistem no seio do povo de Deus, se afstarem; então, sob a chuva serôdia e pleno domínio do Espírito Santo, a Igreja estará em condição de refletir a imagem de Jesus e iluminar o mundo com a Sua glória (ver Apoc. 18:1).

As instruções que tomaram lugar após a saída de Judas compõem o discurso de despedida de Jesus aos discípulos. Este discurso é dividido em dois lances: (1) no cenáculo (13:31–14:31) e no trajeto para o horto (14:1–16:33). Nenhum momento de despedida produz alegria; muito ao contrário. E com Jesus e os discípulos, não foi diferente. Começaram a imaginar que seriam deixados e se sentiram tristes. Jesus compreendeu o sentimento deles, e foi nessa situação que exprimiu uma das mais belas promessas de Sua segunda vinda (14:1-3). Seu conforto, todavia, não se limitou à expressão dela; mais três vezes, nesse lance do discurso, Ele afirmou que voltaria para eles; a primeira que pode ser entendida como o retorno através da ressurreição (vs. 18 e 19), a segunda como o retorno através do Espírito Santo (v. 23), e a terceira em que Ele poderia estar se referindo às três maneiras de retornar: pela segunda vida, pela ressurreição, ou pelo Espírito Santo (v. 28).

Não há dúvida de que a promessa da vinda desse Espírito para ocupar o lugar de Jesus foi um grande fator de conforto e encorajamento para os discípulos (seria diferente para nós?). A presença do Espírito com eles e neles traria bênçãos extraordinárias: Ele estaria para sempre com eles e neles (14:16 e 17); sob a direção dEle, fariam obras maiores que as de Cristo (v. 12; maiores no sentido quantitativo, não qualitativo); através dEle, Jesus e o Pai fariam morada no coração deles (v. 23); pela ministração dEle, teriam eles maior entendimento dos ensinos de Jesus (v. 26; 16:13), e conhecimento da relação deste com o Pai, e isso por experiência, já que, pelo Espírito, eles também teriam uma relação íntima e recíproca com Jesus (14:20); por Ele, desfrutariam da paz (v. 27; 16:33), teriam uma viva ligação com Cristo (como o ramo na videira), produziriam muito fruto (15:1-5), glorificariam o Pai (v. 8) e testemunhariam (vs. 26 e 27). Entendemos assim por que Jesus disse que era conveniente que Ele retornasse ao Pai (16:7).

Segunda – Mantendo contato

A lição pergunta como é possível permanecer na videira, que é Cristo (15:1 e 4). Veja as bêncãos advindas da presença do Espírito Santo, no comentário de ontem, e note que a permanência na videira se dá pela permanência do Espírito em nós. É Ele que enternece nosso coração face ao amor de Deus por nós, e nos leva a responder positivamente a esse amor. É Ele que nos desperta para o estudo e compreensão da Palavra, que dinamiza nossas orações e nosso testemunho, e cumpre em nós outros elementos de comunhão com o Céu. É Ele finalmente que nos capacita a obedecer a Deus e a continuar perseverantemente na fé. Não há ligação com Cristo, a não ser pelo Espírito Santo. E não havendo ligação com Cristo, o pecador estará inevitavelmente e definitivamente separado de Deus; e estando separado de Deus, estará perdido. É por isso que atualmente o inimigo está empenhado em afastar os adventistas do sétimo dia da crença na terceira pessoa da Trindade (e, lamentavelmente, há os que estão aceitando sofregamente as insinuações malignas), pois sem o Espírito não há salvação. Mas por Ele, nossa comunhão com Cristo é tão efetiva como é a comunhão de Cristo com o Pai. O Espírito nos liga a Cristo, e Cristo nos liga ao Pai. Naturalmente, essa comunhão é uma antecipação do que nos espera no Céu. Quanto devemos ao Espírito!

Além disso, é o Espírito que nos dá poder para testemunhar e conduzir pecadores a Cristo. Sem o Espírito, jamais a Igreja concluirá a sua missão no mundo; Jesus nunca voltará e ela estará fadada a permanecer aqui para sempre! Ainda, é o Espírito que nos leva a resistir aos inimigos internos e externos. Nossos defeitos de caráter são corrigidos pela operação dEle em nós, e os desafios são superados por Seu poder. Jesus deixou bem claro que, assim como perseguiram a Ele, perseguiriam também a Seu povo. E acrescentamos que, assim como Ele saiu vitorioso pela força do Espírito, nós também triunfaremos por Seu poder em nós.

Mantendo contato! É verdade, o segredo de uma vida cristã vitoriosa é a comunhão contínua com Jesus, o que só é possível por obra e graça do Espírito Santo.

Terça – As sementes do Espírito

João 7:39 afirma explicitamente que o Espírito Santo só poderia ser outorgado à Igreja quando Jesus fosse glorificado. Não é, então, por mero acaso que as promessas de Cristo a este respeito são dadas mais efetivamente depois que ele afirmou: "Agora, foi glorificado o Filho do homem" (13:31). A descida do Espírto no Pentecostes (Atos 2) foi uma evidência de que Jesus fora glorificado no Céu, ao ser entronizado com Deus. Porém, como João enfatiza em seu Evangelho, a escatologia realizada em Cristo, razão do processo da Sua glorificação, inicia com o término de Seu ministério ao mundo e culmina com Sua morte e ressurreição. Os apóstolos receberam o Espírito tão logo Jesus os encontrou após a ressurreição (20:22). Isso não significa que João simplesmente ignorou o que aconteceu no Pentecostes (veja abaixo comentário desse texto).

Como diz a lição, as passagens que falam do Espírito Santo no transcurso do ministério de Jesus, a exemplo de 7:39, aparecem como se fossem uma sementeira. "É como se João estivesse usando essas passagens para plantar na mente dos leitores algumas sementes que só germinassem na terra fértil do discurso de despedida de Jesus (João 13–16)." Vejamos as passagens referidas na lição:

João 1:32 e 33 – João Batista não conhecia pessoalmente a Jesus. O Espírito Santo foi o elemento-chave para que ele O identificasse. O texto também indica que o Espírito, ao descer sobre Jesus, veio para ficar, primeiro nEle, em seguida em Sua Igreja. Ele veio para ficar "para sempre" (14:16). A exemplo dos Sinóticos, João também liga o Espírito Santo à forma da pomba. Teria sido uma pomba literal que desceu sobre Jesus no batismo? A pergunta é um tanto especulativa; segundo este texto, a pomba não era um sinal em si, mas sim a descida e a habitação do Espírito. Os efeitos desse fato, notados em Jesus, convenceram a João, como ele mesmo afirmou: "tenho visto". Além do mais, para a mente hebréia, a pomba era símbolo de renovação, como ilustrado no ato de Noé logo após o Dilúvio. O patriarca soltou uma pomba que regressou após sobrevoar a face das águas. Na criação, o Espírito de Deus "pairava por sobre as águas" (Gên. 1:2). O Espírito Santo vem sobre Jesus e O leva a cumprir um ministério que introduz uma nova realidade.

3:5-8 – O texto traz a fórmula "nascer da água e do Espírito". Há várias hipóteses quanto ao seu significado. Geralmente se interpreta "nascer da água" como o batismo. O original reza: "nascer de água e Espírito", o que indicaria uma única experiência. Água, em João, é símbolo do Espírito Santo (7:38 e 39). Talvez a idéia de purificação ("água") e regeneração ("Espírito") esteja aqui envolvida. O batismo nas águas seria apenas um lance no processo da regeneração pelo Espírito.

4:23 e 24 – O texto alude à forma correta de adoração. "Em espírito e em verdade", significa que local e itens figurativos quanto à adoração devem ser deixados para trás. O verdadeiro "local" agora é "em espírito", o íntimo, a adoração partida de dentro, portanto, não se limitando a um ato meramente externo e formal; e a verdadeira substância da adoração agora é "em verdade", com respeito à realidade, o culto definitivo quanto à maneira e o Objeto da adoração. É claro que a operação do Espírito Santo é fator sine qua non para que esse nível de adoração seja alcançado. O texto também afirma que "Deus é Espírito". Qualquer idéia de local geográfico ou substância material na adoração é irrelevante, e só tem alguma razão se contribuir para a adoração nos moldes do verso 23. Para o verdadeiro crente, o mundo todo é um templo. "Deus é Espírito" não significa que Ele está em qualquer lugar e que por isso não há agora um lugar único e específico em que deva ser adorado. Ele está em Seu próprio domínio, em Sua própria esfera. O homem natural ou carnal não tem acesso a ela. O evangelho provê a solução - o novo nascimento, o nascimento do Espírito. Mas a verdade é que atingimos esta esfera pelo Filho ("ninguém vem ao Pai senão por Mim", 14:6). Em qualquer lugar podemos adorar o Pai porque onde estiverem dois ou três reunidos no nome do Filho, Ele aí está (Mat. 18:20) como novo templo, e conduzindo à presença de Deus.

6:63 – Há neste texto um contraste entre espírito e carne:

espírito – dá a vida, vivifica
carne – para nada aproveita

O sentido, pelo contexto, seria:

"espírito" = Cristo considerado como deve ser
"carne" = Cristo considerado em termos meramente humanos, em termos carnais.

Jesus explicou que não eram a carne e o sangue literais dEle que deviam ser absorvidos, mas que o homem deveria se valer de Sua pessoa, dos Seus ensinos e Suas obras, como meio de obtenção da verdadeira vida. Espírito e vida não devem ser confundidos; são distintos: "Espírito" é a fonte: o ensino de Jesus tem sua origem nos domínios espirituais, é por operação do Espírito Santo. "Vida" é o propósito: o ensino de Jesus visa a trazer os homens à vida, aos domínios espirituais, onde se fundamenta o verdadeiro sentido da vida. Esse propósito se alcança também pela operação do Espírito Santo, agora no pecador.

7:37-39 – Jesus é quem dá o Espírito Santo. "Águas vivas" são um dom de Jesus, que, quando recebidas, formam no interior do crente "uma fonte a jorrar para a vida eterna" (João 4:14). Principalmente no quarto evangelho, fé é algo de natureza dinâmica. "Água viva" é água que flui, em contraste com água "morta", estagnada, como a de uma poça. Receber a Cristo pela fé produz grandiosos resultados. O verso 39 é interpretado na lição, que, entre outras, coisas, diz: "a promessa de João 7:39 começou de fato a ser cumprida logo depois da ‘glorificação’ de Jesus na cruz". Isto é um fato, mas pode haver aqui, uma alusão, mesmo que indireta, ao Pentecostes de Atos 2. João pode simplesmente estar lembrando a seus leitores que a atuação do Espírito seria notadamente sentida após o retorno de Jesus ao Pai, sendo evidente, então, que o período pós Pentecostes esteja em vista. De fato, com o evento de Atos 2, a era do Espírito teve o seu início.

Quarta – Semelhantes a Jesus

Outro resultado maravilhoso do ministério do Espírito Santo é que Ele faz o crente progredir no processo da santificação; Ele o torna cada vez mais semelhante ao Salvador.

Nisto podemos também visualizar o fato de que a experiência de Cristo é a experiência da Igreja. Através da operação do Espírito, Cristo nasce, cresce, vive um ministério salvífico, etc., tudo na vida do pecador que O aceita. Jesus Se torna o seu Salvador pessoal (o que lembra a cruz) e o Senhor de sua vida (o que lembra a ressurreição). Em outras palavras, o Espírito Santo deseja cumprir no pecador exatamente o que Ele cumpriu em Cristo. Isto é salvação no mais amplo sentido.

Todo esse processo significa que é o pecador que nasce outra vez (novo nascimento), que cresce, que amadurece na vida cristã, tudo porque ele "morreu" e "ressuscitou" com Cristo, para uma nova vida, uma vida vivida nEle e com Ele. Quem realiza tudo isso? Ele mesmo, o Espírito Santo. Descobriu, então, porque o diabo está tão desejoso que o pecador não acredite na existência da terceira Pessoa da Trindade?

Com efeito, assim como há o princípio do Evangelho escrito, há também o princípio da presença de Jesus na vida de Seu seguidor. O novo nascimento é um ato divino na vida do homem, da mesma natureza do nascimento de Jesus Cristo. Este foi gerado por obra e graça do Espírito no íntimo de Maria, que se limitou a dizer: "Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra" (Luc. 1:38). Igualmente, o novo nascimento não é por vontade do sangue, nem da carne, nem do homem, mas por vontade de Deus (João 1:13). Tudo o que é esperado do homem é que ele permita que Deus o faça nascer de novo.

Jesus disse a Nicodemos: "Necessário te é nascer de novo... Aquele que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito" (3:6). E se o homem der livre curso à operação do Espírito, ele agora crescerá na graça e no conhecimento de Jesus, rumo à maturidade espiritual, tal como Jesus cresceu e Se tornou plenamente desenvolvido, alcançando o clímax do cumprimento do plano de Deus para Si, ao entregar no madeiro Sua vida adulta para salvar a humanidade. Aqui também se fixa a culminação da vida de Cristo na vida daquele que O aceitou. Jesus disse: "Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-Me" (Mar. 8:34; ver também João 12:26). É por isso que Paulo não pôde declarar que vivia em Cristo e Cristo vivia nele, sem primeiro afirmar: "Já estou crucificado com Cristo". E é suposto que se alguém está disposto a ser crucificado por Ele e com Ele, é porque tem muito de Sua semelhança.

Repetindo, tudo isso é por obra e graça do Espírito Santo e envolve, naturalmente, a obediência aos Dez Mandamentos, pois a santificação leva o santificado a estar em harmonia com a vontade de Deus. É o Espírito que nos dá poder para obedecer, e é na experiência da obediência que intensificamos cada vez mais um relacionamento com Jesus através dEle. "Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda", disse Jesus, "esse é o que Me ama [e lembre, amar a Jesus é também obra do Espírito em nós]... e Me manifestarei a ele." (14:21). É claro; o modo de Jesus Se manifestar ao homem é através do Espírito.

Quinta – O maior Guia

Como tema integrante do discurso de despedida, é registrada a promessa da vinda do "outro Consolador", parákletos, de parakaléo, chamar para estar ao lado de, subentendendo-se a idéia de chamado para ajudar, portanto, um advogado, um procurador de defesa, alguém para consolar. O conceito em João é a defesa dos discípulos face à acusação e hostilidade do mundo.

A promessa aparece em cinco textos distribuídos ao longo do discurso:

(1) 14:15-17 – o ministério interior do Espírito
(2) 14:26 – o ministério didático do Espírito
(3) 15:26 e 27 – o ministério missional do Espírito
(4) 16:7-11 – o ministério externo do Espírito (isto é, além da Igreja, no mundo)
(5) 16:13 e 14 – o ministério guiador do Espírito

A obra do Espírito está intimamente relacionada com Jesus: "Ele não falará de Si mesmo" (16:13). Recapitulando o que já foi declarado no comentário introdutório da lição 1, esta obra é séptupla, o que nos lembra os "Sete Espíritos de Deus" no Apocalipse:

(1) ensinar – 14:26
(2) fazer lembrar – 14:26
(3) dar testemunho – 15:26
(4) convencer – 16:8-11
(5) guiar – 16:13
(6) declarar, ou anunciar – 16:13, 14 e 15
(7) glorificar – 16:14

Estes sete "atos" do Espírito são cumpridos com respeito a Cristo. Como a lição afirma, "o papel do Espírito é exaltar e glorificar a Jesus diante da humanidade aqui na Terra. Não existem revelações do Espírito a não ser as que exaltam e glorificam a Jesus. Assim, por mais importante que seja a obra do Espírito, a atenção a Ele não é saudável se remover a nossa atenção de Jesus".

O Espírito cumpre esta obra séptupla através da Igreja. Portanto, não é por mera coincidência que, justamente no ministério que Jesus dedica a ela, sejam feitas as mais significativas promessas relacionadas com este Ser maravilhoso e Sua maneira de operar. Ele é, realmente, o maior Guia; sem a Sua participação em nossa mente, somos deixados nas trevas da ignorância de Deus e de Seus propósitos.

Sejamos inteiramente submissos a Ele, mesmo que tenhamos de contrariar um ponto de vista, uma posição, ou romper um hábito ou comportamento, qualquer coisa que nos seja muito querida e apreciada, mas que se contrapõe ao que Ele quer. Jamais esqueçamos: Ele é "o Espírito da verdade." (14:17). Considero mil vezes melhor estar a contragosto na "verdade", do que plenamente feliz e satisfeito "na ilusão do pecado". Abaixo a natureza carnal, e que Cristo seja exaltado e glorificado em nossa vida. Por Seu Espírito!


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