LIÇÃO 4 – O JEITO DIFÍCIL

Gerson Pires de Araújo
Mestre em Educação
Doutorando pela Universidade Andrews, E.U.A.

Introdução

A psicologia moderna diz que devemos respeitar a individualidade de cada pessoa, permitindo que ela faça as coisas do seu jeito, da maneira como se sente mais confortável, mais à vontade. Há nesta idéia muito de verdade e muito de erro. Se seguirmos as leis deixadas por Deus na mente de cada ser humano, isto constitui uma verdade. Se seguirmos as leis que há na mente deixadas pelo mal desde que Adão acarretou as conseqüências do pecado na humanidade, será um erro que só será reparável pelo poder sobrenatural da ação do Espírito Santo. Há necessidade de, como cristãos da última geração da História, estudarmos com mais profundidade os princípios psicológicos expressos pela Palavra de Deus e nos escritos do Espírito de Profecia, a fim de não nos deixarmos enredar pelos enganos dos últimos dias, pelas ciladas armadas pelo inimigo dentro das teorias "modernas" das ciências humanas apresentadas pelos homens. Pode ser que, seguindo os ensinamentos da chamada psicologia moderna, estejamos nos afastando dos princípios divinos.

I. Profecia cumprida

Embora Acaz não houvesse aceito o sinal que Deus lhe propusera, Isaías foi ordenado a fazer uma profecia que não dependia de condições humanas. Um menino deveria nascer e, antes que atingisse a idade de discernimento moral, os reinos da Síria e de Israel deveriam ser conquistados pela Assíria. Deus cumpriu a profecia pois não depende de situações e circunstâncias humanas para cumprir seu propósito.

Síria e Israel foram dominadas pelos exércitos assírios e deveria ficar claro para Acaz que, independente de sua tentativa de acordo com Tiglate-Pileser III para que este não atacasse Judá, Deus continuaria dando oportunidade para Judá se arrepender de seus pecados e apostasia.

Isso deveria servir de advertência para que Judá não caísse no mesmo erro que seus irmãos do Norte, o reino de Israel.

Muitos, ao se depararem com as condições que Deus apresenta para que Seu povo seja livre, pensam que o preço a ser pago é muito alto. Deixar as coisas atrativas do mundo, abandonar a busca pelas riquezas materiais e abrir mão de uma vida confortável e fácil parece ser difícil demais para se tornar um cristão autêntico. É muito mais fácil seguir a correnteza que todos levam, o usual, o comum, a moda. Ir contra a correnteza não é fácil. Ser diferente quando todos se dirigem em uma direção é como seguir contrário ao fluxo da multidão. Ser considerado pelos outros como fanático, radical, extremista não é fácil de suportar.

Mas Deus suplicava que não O provocassem à ira pelos atos, pelas atitudes nem pelas inclinações do coração. A punição seria em proporção à capacidade que Deus concedera e às advertências que houvessem desprezado.

Hoje ainda Ele age de modo semelhante. Ele convida Seu povo errante que professa Seu nome a se arrepender e fazer um retorno em sua vida deixando seus maus caminhos. Como nos tempos idos, Ele fala pela boca de Seus servos e prediz os perigos que estão à frente, fazendo um alerta, reprovando os pecados, e faz promessas de livramento. "Se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e Me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, Eu ouvirei dos Céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra" (II Crôn. 7:14).

Muitos continuam seus maus hábitos e práticas do tempo antes da conversão. Depois do processo inicial de aceitação do sacrifício de Cristo pela fé e serem batizados, ingressando na igreja, caem na rotina de uma vida sem transformações e não continuam a santificação pela fé, abandonando certas práticas mundanas, hábitos e tendências. Parece que estão confiando de que este processo é automático, sem necessidade de mudança. Hábitos de alimentação continuam os mesmos, hábitos de excesso de trabalho, falta de estudo da Bíblia, pouco tempo dedicado à oração e meditação na Palavra de Deus, uso da moda, mexericar e falar mal da vida alheia, não se preocupar com os outros quando estão passando por necessidades, assim por diante. Não está na hora de repensarmos nossa vida a fim de não seguirmos o que aconteceu com Israel e depois com Judá? Não estamos também considerando os fiéis dentro da igreja como extremistas, fanáticos e radicais?

II. Conseqüências previstas

Há somente dois caminhos diante do homem. Hoje em dia, procuram-se caminhos alternativos mas, diante de Deus, há somente duas opções: ouvir e atender, obedecendo à Sua palavra, ou fazer ouvidos moucos e desprezar as palavras de alerta e advertência.

Em alemão há um ditado que diz: "Wer nicht hören will must fühlen", isto é, "Quem não quer ouvir deve sentir", ou "Quem não quer obedecer deve sofrer". Deus não força ninguém a segui-Lo. Concede informação, dá o livre-arbítrio para escolhermos, põe à disposição poder para a obediência e demonstra os resultados da superioridade de uma vida superior quando andamos com Ele. Não pede simplesmente que obedeçamos, sem dar evidências de Sua presença em nossa vida cristã. Depois de dar já aqui nesta vida "cem vezes mais" ainda promete vida eterna.

Acaz, em vez de confiar no Senhor, foi buscar apoio e proteção com os assírios. Judá seguiu o exemplo de Israel. As conseqüências seriam as mesmas – o exílio.

Satanás procura eclipsar constantemente as glórias do mundo futuro para atrair-nos a atenção às coisas desta vida. Mediante circunstâncias de momento, o uso da mídia, o modo de vida moderno e outros recursos mais, procura ele desviar-nos do caminho de Deus. Mas, se não desviarmos o olhar de Jesus, as coisas desta vida não terão poder sobre nós. "Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tiago 4:7). Dia a dia deveríamos cultivar santa afeição a Cristo e viver apaixonados pelo modo de vida cristão e pela missão que Ele nos deixou. As coisas que agora não vemos, mas podemos conhecer pela fé, são eternas.

A visão das coisas eternas não nos incapacita para os deveres desta vida, como muitos pensam mas, ao contrário, torna-nos mais eficientes e mais fiéis. Se há alguma contradição em realizar algo que se oponha à vida cristã é porque não é importante mas supérfluo e desnecessário. É aqui que muitos erram. Pensam que precisam estar sempre na onda, acompanhando o curso do mundo; caso contrário, serão considerados atrasados, ignorantes e fora de moda.

Deus continua esperando que tiremos nosso olhar das coisas deste mundo e coloquemos nossa visão nEle e nas coisas celestiais. "Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra" (Col. 3:2). Lutemos para ser um com Cristo, como Ele era um com o Pai. Nunca exaltemos o homem, mas apresentemos a Jesus, contemplando-O, falando dEle, exaltando-O; ao fazer assim, seremos transformados à Sua semelhança.

Contemporizar com o mal e com os que têm sede de poder é colocar-se como Acaz, numa posição vulnerável. É exatamente por aí que o inimigo irá atacar, pois ele, como mais ninguém neste mundo, conhece os pontos fracos do homem. A única segurança é ter a mente de Cristo para podermos perceber suas artimanhas. Acaz voltou-se para os deuses falsos, ofereceu-lhes sacrifícios, chegando a "queimar seus próprios filhos no fogo" em adoração a deuses pagãos. Admiramo-nos muitas vezes a que ponto pode chegar uma pessoa que se encontrava no redil da Igreja e se afastou do aprisco do Senhor. Este é o caminho que seguem os que deixam o povo de Deus.

III. O que há em um nome?

Mesmo depois que Israel foi invadido pelas tropas assírias, em Sua misericórdia ainda Deus continuou dando oportunidade a Seu povo. A Isaías foi-lhe dito que seu filho deveria se chamar Maher-shalal-hash-baz, "Rápido despojo-Presa segura". Este nome incomum deveria ser para o povo uma advertência de que o desastre se aproximava com a invasão assíria.

Se o povo já estava tremendo de medo diante dos dois "tições tirados do fogo" o que não ocorreria diante da Assíria, que viria como uma enchente que alagaria a terra?

Enquanto Israel e Judá seguissem o caminho da falta de confiança em Deus, Isaías continuaria confiando no Senhor e se, movido pelo exemplo de Isaías o povo se voltasse para Deus, nada haveria que temer. Deus, em Sua misericórdia, daria nova oportunidade a Seu povo.

A destruição que veio ao reino do norte foi enviada por Deus. A Assíria seria apenas um instrumento nas mãos de Deus para executar Seu propósito.

Devemos aqui entender a verdadeira filosofia da História. "A história das nações que, uma após outra, têm ocupado seus destinados tempos e lugares, testemunhando inconscientemente da verdade da qual elas próprias desconheciam o sentido, fala a nós. A cada nação, a cada indivíduo de hoje, tem Deus designado um lugar no Seu grande plano. Homens e nações estão sendo hoje medidos pelo prumo que se acha na mão dAquele que não comete erro. Todos estão pela sua própria escolha decidindo o seu destino, e Deus está governando acima de tudo para o cumprimento de Seu propósito." – Educação, pág. 178.

IV. Nada a temer quando tememos a Deus

Não importam as ameaças do inimigo, não precisamos temê-lo se tememos a Deus. A palavra ‘temer’ pode ter dois sentidos: temer como submissão, respeito, reverência, veneração, e temer como medo, pavor, receio. Aqui também não há mais do que duas opções: respeitar, reverenciar ou venerar a Deus ou ter medo ou receio das conseqüências das escolhas erradas, do mal que praticamos. Ou somos subservientes a Deus ou ao inimigo.

A fé nos permite interpretar o curso dos acontecimentos de dois modos diferentes. Se sofremos, pode ser por uma de duas razões: ou é por conseqüência de nossos erros ou porque estamos vivendo num mundo mau, e o sofrimento vem como prova à nossa fé em Deus. Diremos que Deus permite o sofrimento para, por meio dele, nos ensinar; ou então, sofremos em razão de não seguirmos os caminhos divinos e estarmos na mão do inimigo. Isto é, ou tememos para fugir de Jesus ou tememos para fugir para Ele. Quando sofremos por estarmos em Cristo ou com Cristo, o sofrimento é causado pelo inimigo. Quando sofremos por causa de nossos erros, somos nós mesmos os responsáveis. Devemos aprender a assumir a responsabilidade por nossos atos, e não colocar a culpa nos outros através de um processo de racionalização.

"Enquanto você for leal a si mesmo, nenhum poder adverso da Terra ou do inferno será capaz de destruir sua paz ou interromper sua comunhão com Deus. Se você teme a Deus, não precisa andar na incerteza. Se Lhe agradar, obterá tudo quanto necessitar. A linguagem de um eminente cristão era a seguinte: ‘Não há no Universo coisa alguma que eu receie, a não ser que eu não conheça todo o meu dever ou deixe de cumpri-lo.’" – Este Dia com Deus, pág. 332.

"No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor" ( I João 4:18).

"Esta é uma importante declaração; pois muitos há que desejam amar e servir a Deus, e todavia, ao sobrevir a aflição, não discernem nela o amor dEle, antes a mão de um inimigo. Eles choram e murmuram e se queixam; porém isso não é o fruto do amor a Deus no coração. Se possuirmos o amor perfeito, saberemos que Deus não nos está procurando prejudicar, mas que, em meio às provas, desgostos e dores, está-nos buscando aperfeiçoar e provar a qualidade de nossa fé. Quando deixarmos de afadigar-nos acerca do futuro, e chegarmos a crer que Ele nos ama, e que Sua intenção é fazer-nos bem, confiaremos nEle como uma criança num amante pai. Então nossas tribulações e tormentos desaparecerão, e nossa vontade fundir-se-á com a vontade de Deus. ." – Filhos e Filhas de Deus, pág. 193.

Não devemos temer quem mata o corpo mas quem pode matar a alma. Tememos a morte ou tememos a vida?

V. A ingratidão dos vivos mortos

O final do capítulo oito de Isaías nos leva a uma advertência: não nos metermos com necromantes, adivinhos ou qualquer forma de ocultismo. Deus é Deus da Luz, e não há nEle trevas. Qualquer coisa que se faça em oculto ou no escuro e que se tema ser descoberto não é próprio de um cristão. A Escritura é clara que os mortos nada sabem, e que as pretensas revelações dos mortos são um embuste de Satanás.

Se o homem, como no caso de Acaz, rejeitar a fé em Deus, no Deus vivo, em breve irá cair nas mãos do inimigo. Não vai permanecer muito tempo na descida da incredulidade, mas chegará certamente à superstição. Não cultivando o amor à verdade, irá aceitar teorias que são constituídas de erros mais crassos. Nosso coração não permanece vazio por muito tempo. Ou é subserviente a Deus ou ao adversário. Se não deixarmos que a verdade encha nossa alma, o vazio será preenchido por erros e superstições assombrosas. Portanto, "à lei e ao testemunho". Não poderemos chegar à luz enquanto dermos lugar a teorias mundanas, ainda que supostamente expressas por "sábios segundo o mundo".

"Há apenas duas alternativas diante dos homens: ou abraçar a verdade oferecida na Palavra de Deus, ou se tornar presa dos enganos do inimigo; ou amar a luz do Céu ou ser mergulhado nas trevas do erro e da superstição." – S.J. Schwantes. Isaías, o Profeta do Evangelho, pág. 28.

O espiritismo é a obra-prima da decepção e do engano. É a ilusão mais fascinante do inimigo. Muitos estão examinando o espiritismo por simples curiosidade, mas somos advertidos a não nos aventurarmos em terreno proibido. Cairemos, sem dúvida, nas garras do adversário. O único poder que nos pode livrar é o poder de Deus. A Bíblia é a única bússola que nos pode guiar na Verdade. Para escaparmos da influência do que está tomando conta do mundo, da influência de Satanás, a única regra segura é não ouvir, não falar, não pensar e não considerar estas manifestações do inimigo da verdade.


 

RETORNAR